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Rua dos Vianas vive clima de insegurança
Mário César de Mauro
Do Diário do Grande ABC
01/01/2004 | 18:36
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Homens armados invadem o estabelecimento, rendem e ameaçam as pessoas, levam quantias que variam entre R$ 100 e R$ 300 em dinheiro dos caixas e algumas mercadorias e fogem em seguida. A seqüência é básica, rotineira, e poderia ser roteiro de uma ficção de cinema, mas é realidade dos assaltos em pequenos e médios comércios da rua dos Vianas, em São Bernardo, instalados em um trecho de cerca de 500 metros de extensão entre as ruas Ângelo Guazelli e Santa Teresa.

A maioria dos comerciantes tem histórias para contar dos minutos de sufoco na mão de bandidos que buscam pequenas quantias de dinheiro e alguma mercadoria em ações rápidas e bem sucedidas, que acontecem à tarde ou início da noite. Segundo eles, a incidência de assaltos aumentou nos últimos dois meses no local. Os comerciantes reclamam de insegurança. Porém, não registram os casos na delegacia. A polícia, por sua vez, afirma não agir por não saber dos fatos.

No trecho problemático da rua dos Vianas há cerca de 20 estabelecimentos comerciais. Poucos são os que nunca foram assaltados. Pelo menos 15 deles sofreram roubos. O sentimento é de insegurança devido a poucos policiais nas ruas e a ladrões impunes a solta. “O bairro está pesado”, disse um comerciante que não quis se identificar por medo de represálias.

A vítima mais recente foi o dono de uma padaria atacada oito vezes em dezembro, sendo duas vezes no mesmo dia – a primeira na tarde do último domingo e a segunda à noite –, conforme reportagem publicada pelo Diário na terça-feira.

O proprietário da padaria foi a única vítima a registrar um boletim de ocorrência na delegacia da área, o 6º Distrito Policial de São Bernardo, na última segunda-feira. Os demais comerciantes não registram os roubos por vários motivos. “Não fiz o boletim de ocorrência porque meus equipamentos não tinham seguro e não iria receber nada registrando o caso”, disse A.V.C., 22 anos, dono de uma loja de informática que teve 10 computadores roubados no dia 13 novembro.

“O ladrão levou uns R$ 300 do caixa e a dona da loja não quis registrar o boletim de ocorrência por medo, pois o ladrão fez ameaças”, disse J.O., 19, balconista de um bazar roubado no fim de novembro. “Levaram cartões telefônicos e cerca de R$ 100 em dinheiro, não compensa esperar horas na delegacia para registrar apenas o roubo desse pequeno valor”, disse o dono de uma banca de jornais roubada na semana no Natal.

“Sabemos que a rua dos Vianas é crítica, mas não temos idéia da dimensão do problema porque as pessoas não registram boletim de ocorrência. No caso da padaria, já estamos com uma equipe tentando identificar os ladrões”, disse o delegado titular do 6º DP, Carlos Eduardo Vasconcelos.

Após a repercussão do caso da padaria assaltada oito vezes somente em dezembro, o delegado Seccional de São Bernardo, Marco Antônio de Paula Santos, e o comandante interino do 6º Batalhão da Polícia Militar, major Ronaldo Ribeiro, mandaram intensificar o policiamento no local. O trecho com problemas da rua dos Vianas está rodeado pelas favelas do Parque São Bernardo, Pai Herói, Jardim Farina e Vila São Pedro, consideradas as mais perigosas da cidade, e tem distante cerca de 300 metros uma Base Comunitária da Polícia Militar.

“Como vamos atuar sem os registros dos casos? Trabalhamos com dados estatísticos. Mesmo assim intensificamos as rondas e faremos operações na área. Os policiais da base comunitária também estarão mais atentos ao problema”, disse o major Ribeiro. Policiais civis do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) também estarão mais presentes.




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