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Artistas plásticos evocam passado em trabalhos expostos em SP
Do Diário do Grande ABC
24/05/2000 | 14:49
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A galeria Thomas Cohn, em Sao Paulo apresenta duas exposiçoes de jovens artistas plásticos que propoem, cada um a sua maneira, uma volta ao tempo. Tanto Walter Goldfarb, que expoe no primeiro andar, como Carmen Alves, que mostra seus trabalhos no mezanino, evocam o passado em seus trabalhos. Os dois foram descobertos pela galeria, no programa Portas Abertas, que seleciona novos criadores e os lança no mercado.

Carmen, uma das escolhidas pelo programa do ano passado, realizado em Sao Paulo, apresenta uma série de desenhos em papel-arroz. Os delicados trabalhos, que estarao pendurados por linhas finas que se comportam como varais, trazem símbolos que a artista identifica como representaçoes das cruzadas medievais, como espadas, flechas, forcas e janelas de calabouço.

Carmen batizou de Castelos esses desenhos, realizados com nanquim, bordados em algodao, furos e rasgos que se diluem na claridade da sobreposiçao das camadas brancas do papel-tecido.

Recém-formada, a artista nega influência de artistas como Sandra Cinto e Leonilson em seus desenhos, nos quais aparcem elementos como forcas e escadas. "Talvez exista uma coincidência em relaçao a sentimentos como a melancolia", diz Carmen, que atualmente trabalha como monitora da Bienal Brasil +500.

"Acredito que meu trabalho já apresente questoes bem particulares e definidas", continua ela. "Como é o caso da Idade Média, que é uma grande força no meu trabalho."

Ambigüidades - Goldfarb também foi apresentado ao circuito artístico pelo programa, em 1996. Hoje, com tela sendo leiloada na Christie's, o artista observa que seu trabalho se aproxima cada vez mais das questoes psicanalíticas, como ocorre na tela A Morte da Renascença, na qual propoe um jogo ótico, apresentando a figura que evoca a pintura de El Greco, A Morte do Conde de Orgaz, mais especificamente, de cabeça para baixo.

"É também uma relaçao com as ambigüidades da figura de Baco ou Dionísio, que tem, ao mesmo tempo, o mistério e a voluptuosidade da mulher e a virilidade do homem", afirma o artista. Obcecado pela história da arte, Goldfarb propoe uma volta ao passado por meio de um cruzamento de referências.

A maior tela da mostra, por exemplo, representa a Santa Ceia, de Da Vinci, como uma cena partida ao meio, na qual surge a figura do regente Leopold Stokowsky, que parece reger com as maos limpas a movimentaçao da mesa cortada ao meio. O nome da tela de 12 metros é Fantasia, título do filme de Walt Disney que faz referência ao regente.




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