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Na região, 80% das mortes por afogamento foram na Billings

Em 2024, no trecho de S.Bernardo da represa ocorreram 7 das 9 mortes; neste ano, o local concentrou todos os óbitos (5) do Grande ABC

Tatiane Pamboukian
23/03/2025 | 08:51
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FOTO: Celso Luiz/DGABC

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Em 2024, o Grande ABC registrou nove mortes por afogamento, sete delas - cerca de 80% - na represa Billings, no trecho de São Bernardo, de acordo com dados do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo. Neste ano, o local registrou, até o momento, 100% dos óbitos por afogamento da região. Foram cinco vítimas fatais de um total de sete acidentes, um deles na própria represa Billings de São Bernardo, em que a pessoa foi salva, e outro em uma lagoa de Santo André, também com salvamento.

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No ano passado, foram registradas um total de 16 ocorrências de afogamento no Corpo de Bombeiros, considerando as sete cidades do Grande ABC. Dez delas foram na represa Billings, no trecho da cidade são-bernardense, com três salvamentos e as sete mortes citadas.

Ainda em 2024 ocorreram uma morte em Santo André, em um rio, e outra em piscina no município de São Caetano. Em Mauá duas vítimas foram salvas de afogamentos em córrego e, em Diadema, houve dois salvamentos, um em córrego e outro em uma galeria de água. 

No ano anterior, em 2023, foram 21 afogamentos, dos quais 10 resultaram em óbito, três deles no trecho de São Bernardo da represa Billings, de um total de 10 ocorrências de afogamento no local. Em Santo André, houve um afogamento em rio, em que a pessoa sobreviveu, e dois acidentes em lago, um deles resultando em óbito, além de duas mortes por afogamento na represa. Em Mauá, houve uma morte em um lago da cidade. Em Ribeirão Pires, duas mortes, uma em rio e outra em piscina. Rio Grande da Serra teve duas mortes em rio.

O pedreiro Jonathan Alexandre de Oliveira, 33 anos, que mora em Ribeirão Pires, sabe bem como é a experiência de se afogar. Ele passou por um acidente na represa Billings, no trecho de Rio Grande da Serra, em 2012. “Eu estava atravessando, aí deu câimbra nos braços e pernas. Parei em cima de um canal, só que ele começou a me puxar para baixo. A sorte é que minha mãe e alguns rapazes que estavam nadando me salvaram. A correnteza para baixo era muito forte. Já tinha afundado três vezes, estava sem força nenhuma para sair. Se não tivesse gente lá com certeza teria morrido”, reflete.

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A capitã do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, Karoline Burunsizian, disse que em represas sempre existem riscos que não conseguimos enxergar. Apesar de ocorrerem fatalidades, muitos acidentes podem ser evitados com alguns cuidados.

“Metade das pessoas que morrem no Brasil sabem nadar. Nas represas é preciso ter atenção, porque não sabemos o que pode ter no fundo, podem ter pedras, galhos e outros objetos. Também é importante destacar que os banhistas não devem ingerir bebidas alcoólicas. O álcool tira a percepção de realidade e deixa a pessoa mais corajosa, a colocando em situação de risco desnecessariamente”, aconselha Karoline.

LITORAL

Em 2024, foram registrados 3.735 afogamentos nas praias de São Paulo, considerando o litoral sul e o litoral norte do Estado. A maior parte das vítimas sobreviveu, mas 108 vieram a óbito. De acordo com Karoline, 73% dessas mortes ocorreram com pessoas da região metropolitana de São Paulo e da Capital paulista. Já entre os salvamentos em todo Estado de São Paulo, ou seja, pessoas que se afogaram, mas sobreviveram, um terço foi registrado no Guarujá. O perfil da maior parte dos afogados, considerando todo Estado, é homens jovens, de 16 a 45 anos. 

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“Nove das 10 mortes por afogamento acontecem em locais de risco, em corrente de retorno, que em praias guarnecidas por guarda-vidas, são sinalizadas. Eles identificam os locais de perigo e colocam placas apontando. Portanto, as pessoas não devem entrar nesses locais. Os guarda-vidas costumam apitar quando avistam alguém insistindo, o que é um aviso preventivo pedindo para a pessoa voltar para o raso”, explica. 

A capitão do Corpo de Bombeiros alerta para o cuidado redobrado com as crianças e informa que seus responsáveis podem solicitar aos salva-vidas pulseiras de identificação com contatos como prevenção no caso delas se perderem. “Sempre é bom pedir orientação aos profissionais sobre locais seguros para se banhar”, acrescenta.




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