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Morador de Sto.André e S.Bernardo prefere espetáculos a livros

Pesquisa mostra que presença da população em eventos nos últimos 12 meses responde por quase metade do total; biblioteca soma 16,8%

Renan Soares
17/03/2024 | 08:30
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FOTO: Claudinei Plaza/DGABC


A população de Santo André e São Bernardo tem tido preferência por shows ou espetáculos ao escolher eventos culturais. No município andreense a proporção de moradores que foi a eventos de música, teatro, circo ou outras artes nos últimos 12 meses chegou a 43,1%, enquanto que na cidade vizinha foram 45% (média de 44%), percentual igual ao registrado na Região Metropolitana. Os números são da pesquisa ‘Cultura: percepção da população sobre oferta, qualidade e uso dos serviços de cultura’, conduzida pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), do governo estadual.

Se por um lado os shows e espetáculos apresentaram proporção de quase metade da população dos dois municípios da região nos últimos 12 meses, outras atividades obtiveram números medianos ou abaixo, como a presença em bibliotecas. Em Santo André, o público nos locais para leitura ou empréstimo de livros foi de apenas 14%, enquanto que em São Bernardo chegou a 19,6% – média de 16,8%. Os baixos volumes são similares aos registrados na Região Metropolitana, com 21%, e no Estado, com 21,3%.

Apesar do baixo número de visitas às bibliotecas, o hábito da leitura fez parte da rotina dos moradores de Santo André e São Bernardo, já que, em ambas as cidades, a maioria das pessoas leu de dois a cinco livros, 36,4% e 31,5%, ou mais de cinco, 13,6% e 13,4%, respectivamente. O engenheiro mecânico e coordenador de projetos, Alex Sandro Silvestre, 42 anos, é um dos moradores de São Bernardo que mantêm o hábito da leitura, mas que dá preferência às livrarias, como a que frequenta no Shopping Metrópole. 

“Quem lê muito escreve melhor. Grande parte da minha leitura é devido ao meu trabalho, por isso sempre procuro livros sobre liderança, comunicação e gerenciamento de projetos”, diz Silvestre, que aponta motivos para a escolha. “A maioria do meu consumo está ligado a livrarias, porque os livros que estão em bibliotecas estão com ideias defasadas, elas continuam com os mesmos acervos e, apesar da atualização, ainda há volumes de quando se formou a biblioteca”, afirma.

Já em cinema os dois municípios registraram a visita de uma a cada três pessoas. Em Santo André, nos últimos 12 meses, 36,5% da população assistiu ao menos a um filme nas telonas, enquanto que em São Bernardo o número chegou a 36,9% – média de 36,7%. As proporções são similares às registradas na Região Metropolitana, com 36%, e no Estado, com 36,5%. Nos 645 municípios, o público com 60 anos ou mais foi o que menos frequentou o espaço, sendo apenas 22% do total.

Sônia Tonini, 66, dona de casa de São Bernardo, é uma das exceções. Na última sexta-feira, ela visitou o espaço para assistir ao grande vencedor do Oscar, Oppenheimer, com um grupo de amigos. Se considerando uma fã eclética de cinema, mas com preferência por filmes de romance e os grandes lançamentos, ela diz que vai ao menos uma vez por mês ao cinema. 

“Costumo ir aos cinemas da Capital, porque existem mais oportunidades. Às vezes, o filho chama e acabamos indo, ou os amigos (chamam). Penso que temos que sair de casa, mas dificilmente vou no fim de semana. Na última vez, por exemplo, vim na segunda. É muito mais barato. Penso que as pessoas não vêm porque não têm dinheiro”, avalia Sônia. 

Os dados de Santo André e São Bernardo foram divulgados a pedido do Diário. As outras cidades da região não tiveram seus números desmembrados, pois a Fundação Seade só realiza a separação para municípios com mais de 500 mil habitantes. 

A PESQUISA

A pesquisa conduzida pela Fundação Seade é destinada à população com 18 anos ou mais, residente no Estado de São Paulo. O questionário consiste em 18 perguntas que abordam a percepção e frequência do respondente em relação a diversos equipamentos culturais. As entrevistas são realizadas por meio de interações telefônicas mediadas por um robô, utilizando a URA (Unidade de Resposta Audível). Esse sistema automatizado permite que o respondente interaja pressionando teclas em seu telefone para responder às perguntas. Em 2023, foram conduzidas 14.505 entrevistas no Estado.




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