Setecidades Titulo Problemas na saúde
Moradores reclamam de falta de médico em UPA de São Bernardo

Diário esteve no local e constatou que, com todas as cadeiras ocupadas, pacientes optam por aguardar sentados no chão ou por ir embora

Renan Soares
Do Diário do Grande ABC
13/03/2024 | 07:00
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Fila estava cheia na tarde desta terça-feira (FOTO: Celso Luiz/DGABC)


Pacientes do Grande Alvarenga que dependem da UPA União/Alvarenga estão enfrentando dificuldades para serem atendidos. Na unidade, localizada na Estrada dos Alvarengas, 5779, os moradores reclamam de demora para atendimento, devido à falta de médicos, e apontam lotação no local por causa do excesso de pessoas. O Diário esteve no local e constatou os fatos denunciados pela população.

No local foi possível observar excesso de moradores, cerca de 50, aguardando por atendimento durante a tarde de ontem. Com todas as cadeiras ocupadas, alguns pacientes optaram por aguardar sentados no chão da unidade. Moradores dizem que a situação na UPA União/Alvarenga é recorrente e que, em muitos casos, os usuários do local preferem ir embora. 

“O pessoal entra e vai embora, mesmo sem atendimento, incluindo crianças. Pergunto para médicos e enfermeiros e ninguém tem informação sobre fichas, está uma bagunça. Vou para casa, porque se for para morrer, morro na minha cama”, disse Paula Modena, 45 anos, dona de casa que buscava atendimento na unidade na tarde de ontem. A moradora afirmou que os funcionários alegavam que apenas um médico atendia na unidade e que este seria o motivo para a demora para consulta. 

A moradora elencou uma série de problemas de saúde que tem, como transtorno obsessivo-compulsivo, envolvendo espaços com muitas pessoas e a necessidade de carregar sempre um aparelho para medir sua pressão. No local, ela esperava na lista amarela, já havia quase duas horas, o atendimento urgente. A cinegrafista Maria Santos, de 29 anos, acompanhava o marido e também reclamava da longa espera.

“Cheguei aqui às 11h e estamos aqui sem tomar café nem almoçar. Meu marido é diabético, não aguenta nem levantar o braço e está aqui apenas para tomar medicação”, relatou a moradora. “Eles falam que os funcionários saíram para almoçar e dizem que temos apenas de aguardar. Aqui é terrível”, criticou a cineasta, para destacar em seguida que o problema na unidade é recorrente.

O Diário buscou contato com a Prefeitura de São Bernardo, que não respondeu os questionamentos até o fechamento da edição.

CONTRATAÇÕES

Conforme mostrou o Diário na última semana, a secretaria de Saúde de São Bernardo, administrada por Geraldo Reple Sobrinho, tem promovido desde o início do ano série de demissões de médicos da rede municipal, sejam eles com carteira assinada ou pessoa jurídica, para que as vagas sejam preenchidas por profissionais sem registro no CRM (Conselho Regional de Medicina). 

Ao menos 20 profissionais foram dispensados e substituídos por bolsistas do Programa Mais Médicos, do governo federal. O CRM condena a prática e acusa o município de “precarização” da profissão. O objetivo da municipalidade é dar um respiro nas contas públicas. A desoneração da folha alivia o fluxo de caixa da Prefeitura, uma vez que o pagamento dos contratados fica sob responsabilidade do Ministério da Saúde. Alguns médicos chegavam a receber R$ 17 mil mensais.

Contratados pelo Programa Mais Médicos recebem em média R$ 15 mil de salário mensal, mais auxílio aluguel e alimentação. Na ocasião, o Paço também não respondeu os questionamentos.

Paciente aguarda há dez meses por agendamento

Pacientes do sistema público de saúde de São Bernardo têm enfrentado longa espera para atendimento de proctologista. Ailton Contrera, de 77 anos, fez o primeira consulta em maio do ano passado, após sangramento persistente e perda de peso significativa, e ainda aguarda por um agendamento na rede.

Segundo relatos de sua filha, a autônoma Vanessa Aparecida Monteiro, 48, após uma consulta inicial com o clínico geral na UBS (Unidade Básica de Saúde) Jardim Farina, em maio do ano passado, seu pai ainda passou pela UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Rudge Ramos e posteriormente pelo Pronto-Socorro Central, já no fim do ano, onde recebeu a recomendação de uma consulta com o proctologista devido aos sintomas preocupantes.

A espera pela consulta, no entanto, tem sido desafiadora, conforme relatado pela familiar do paciente, que ontem buscou informações novamente na UBS Jardim Farina, onde foi dito a ela que o agendamento para a especialidade médica é demorado.

“Ele está com dificuldade para evacuar e sente dores, além de continuar com sangramento considerável. É preocupante, pois ele já emagreceu mais de 15kg. Minha tia (irmã do paciente) pagou uma consulta particular com um proctologista por causa da demora e o médico disse que deveria ser procurado com urgência um especialista da cidade, pois ele está com um nódulo que precisa ser investigado urgentemente”, diz Vanessa.

A filha teme que o pai tenha desenvolvido um tumor no local e relembra que não é a primeira vez que tem problemas com a busca por atendimento no município. A mãe de Vanessa esperou dez meses para conseguir realizar um exame solicitado pelo ortopedista, mesmo sendo uma idosa com necessidade de cuidados específicos. O Paço são-bernardense não retornou os questionamentos do Diário sobre o fato.




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