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Internos da Fundação Casa têm no futebol oportunidade de recomeço

Unidades da Capital fizeram, ontem, partida no Brunão, em Sto.André

Miriam Gimenes
Do Diário do Grande ABC
04/03/2018 | 08:50
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Claudinei Plaza/DGABC


Jovens que cumprem medida socioeducativa de internação nos centros da Fundação Casa tiveram tarde de disputa ontem. Os integrantes das unidades Rio Tâmisa e Paulista, ambas da Capital, fizeram a semifinal da Copa Casa de Futebol, no Estádio Bruno Daniel, em Santo André, horas antes do jogo entre o time profissional da região e o Botafogo, pela Série A-1 do Paulistão. O Tâmisa, atual vencedor do campeonato, foi derrotado por 4 a 0 e o Paulista ‘carimbou’ seu passaporte para a final, que será no dia 21, no Estádio do Canindé, na Capital.

E a estrela da partida foi Jefferson (nome fictício), 18, que marcou 3 dos 4 gols feitos pelo time vencedor. O rapaz, que saiu de campo aclamado pelos companheiros de time e escolheu a camisa 7 por ser fã de Cristiano Ronaldo, jogador do Real Madrid, diz que o futebol sempre esteve presente em sua vida. “Desde pequeno joguei nas periferias. Tive até chance de ir para o Santo André, ia fazer uma peneira, mas como eu era muito pequeno tinha medo e não conseguia ficar longe da minha mãe. Perdi a oportunidade”, lembra o rapaz, do bairro Cidade Tiradentes, na Capital.

Foi então que Jefferson ‘deslizou’, e entrou para o crime, o que o levou, duas vezes, para a Fundação Casa. “Roubei moto porque eu queria andar. Era novo, não tinha habilitação e minha família não tinha condições de comprar. Eu quis roubar.” Já faz 11 meses que entrou pela segunda vez na Fundação Casa, onde, além de jogar futebol, também estuda. Ele prevê sair o quanto antes e dar novo rumo para sua vida. “Estou me aperfeiçoando cada vez mais no campo e pretendo continuar. Vou procurar oportunidades e quem me apoie.”

O tricampeão mundial pela Seleção Brasileira e ex-jogador do Corinthians, Zé Maria, que trabalha na Fundação Casa como assistente de direção, diz que o esporte vai além de ser passatempo para os adolescentes. “É um trabalho que não é pretensioso, é muito mais social, mas que cria expectativa grande para esses jovens. A gente procura sempre fazer um encaminhamento para os clubes, para que eles possam fazer testes.” Há 18 anos no papel de olheiro, o ex-jogador – que inclusive encerrou sua carreira em 1983 no Brunão, jogando pelo Corinthians – diz que muitos profissionais atuantes hoje já passaram pela Fundação Casa, o que serve de incentivo. “O campeonato ameniza o sofrimento desses jovens e cria expectativa para a saída. E a gente mostra para eles que, mesmo tendo tido problemas com a Justiça, podem mudar e terem uma vida diferente. Eles podem entrar para o esporte, mas a preocupação maior é que sejam cidadãos dignos.”

O adversário do Paulista será conhecido hoje, após o resultado de partida, em Campinas, entre os jovens das unidades Piracicaba e Madre Teresa I. 




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