Atualizada às 14h59

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que acompanha na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, o julgamento de seu recurso no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) afirmou, em discurso aos militantes petistas, que está tranquilo quanto ao resultado da sessão desta quarta-feira.

“Tenho certeza absoluta que não cometi nenhum crime. A única decisão que espero que aconteça hoje é que pelo fato de eu não ter cometido crime, votem por 3 a 0 e digam que o juiz (Sérgio) Moro errou ao dar sentença. Se vai acontecer isso ou não, eu não sei. Se não acontecer, nós temos ainda muito tempo pela frente para tentar mostrar o equívoco e as mentiras que foram contadas nesses últimos anos”, disse Lula com bom humor à cerca de 600 pessoas no salão lotado da entidade.

Citando as reformas do governo Michel Temer (PMDB), o petista disse ainda que o que está acontecendo com ele é pouco diante do que ocorre com os desempregados do País. “Milhões de pessoas estão massacradas e ainda não compreenderam o que vai acontecer com a Reforma Trabalhista. E milhões de pessoas vão ser sacrificadas com a Reforma da Previdência, porque não querem fazer reforma para mexer salário de desembargador, juiz, delegado e general. Querem mexer no salário do trabalhador.”

Lula fez questão de reforçar o discurso de suposto golpe que vem sendo amplamente difundido pelas lideranças petistas desde o impeachment de Dilma Rousseff (PT). Segundo ele, “se construiu muita mentira” contra a sigla. “Tiraram o partido, tiraram a Dilma e o povo parecia estar anestesiado. Disseram que o País tinha uma doença grave e que ela chamava PT, que tirando o partido as coisas iam melhorar. Agora vocês estão acordando dessa anestesia. Eles não fizeram uma cirurgia para melhorar, e sim estão tirando parte do nosso corpo.”

O ex-presidente chegou às 10h10 na sede do Sindicato. Na comitiva que acompanha o petista estão nomes regionais, como os ex-prefeitos e colegas de partido Carlos Grana (Santo André) e Luiz Marinho (São Bernardo). Também marcam presença o ex-ministro da Defesa Celso Amorim e governadores do Acre (Tião Viana), Minas Gerais (Fernando Pimentel) e Piauí (Wellington Dias). Depois do final da sessão, que está prevista para o meio da tarde, o ex-presidente deve seguir para São Paulo, onde ocorrerá um ato na Praça da República em sua defesa.

Em julho de 2017, Lula foi condenado a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo juiz Sérgio Moro no caso tríplex do Guarujá. Sua defesa afirma que não há provas que de o apartamento no Edifício Solaris seja de propriedade do ex-presidente.

A sessão da 8ª Turma do TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região, é composta pelos desembargadores Gebran Neto (relator do caso), Leandro Paulsen e Victor dos Santos Laus. Caso mantida a condenação, Lula poderá ser tirado da corrida presidencial devido ao enquadramento na Lei da Ficha Limpa. Ainda haverá, no entanto, instâncias superiores que o ex-presidente poderá recorrer. (Com informações de Marília Montich)