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'É um balcão de negócios', diz consultor político
Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
21/03/2010 | 07:42
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A polêmica aliança entre PT e PSB oficializada nesta semana em Diadema, uma vez que os socialistas travaram oposição acirrada ao governo petista por quase duas décadas na cidade e principalmente nos dois últimos pleitos municipais junto do PSDB, nada mais é do que reflexo do que vem por aí na eleição deste ano. "Infelizmente, um verdadeiro balcão de negócios", avalia, de forma crítica, o consultor político Gaudêncio Torquato, professor titular da USP (Universidade de São Paulo).

Por isso, não se espante de encontrar em alguns Estados a união do DEM, do prefeito paulista Gilberto Kassab, com o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Para Torquato, o Brasil é o país das conveniências. E a ideologia política nunca esteve tão fragmentada e pulverizada como nos últimos tempos. "As conveniências locais suplantam os ideários, as doutrinas e os conceitos partidários. Em Diadema não é diferente", afirma o consultor político.

O que concorda em partes o vice-prefeito de Diadema, Gilson Menezes (PSB). Tanto que, quando questionado sobre o quadro político instável da cidade e repleto de idas e vindas partidárias, afirmou não ser exclusividade de Diadema. "Em São Bernardo, o William Dib (ex-prefeito do PSB e hoje filiado ao PSDB), e Maurício Soares (ex-chefe do Executivo pelo PT, PSDB e PSB)", exemplificou o socialista (veja reportagem ao lado).

Gilson foi o primeiro prefeito eleito do Brasil pelo PT, mas brigou e rompeu com os petistas ainda no fim de mandato, quando se filiou pela primeira vez ao PSB. Ao longo de sua vida política esteve do lado e contra o ex-prefeito José de Filippi Júnior (PT), a quem chamou de "ladrão e corrupto" e foi alvo de ação interposta pelo petista na Justiça.

Mas, hoje o vice-prefeito ameniza o discurso do lado petista e joga os deslizes do seu passado para uma única pessoa. "Não briguei com o PT. A minha divergência foi somente com o José Augusto da Silva Ramos" (ex-prefeito pelo PT e atual deputado estadual pelo PSDB).

Procurado por meio de sua assessoria, José Augusto não deu retorno à reportagem.

O tucano aliás foi o candidato a prefeito em 2004 e 2008, junto de Manoel José da Silva, o Adelson (PSB), que foi nomeado na quarta-feira secretário de Segurança Alimentar do governo Mário Reali (PT). "O PSB jogou pedra 20 anos, agora somos governo por conta de uma decisão partidária", afirma. E acrescenta: "Nunca discuti política com dinheiro e cargo no meio".

O cientista político Aldo Fornazieri afirma que os "interesses pragmáticos" e a "atração por cargos" estão acima das questões ideológicas. "O PMDB se aliou aos governos do Fernando Henrique Cardoso e do Lula", relembra.

E argumenta: "Em Diadema, o erro foi não estarem do mesmo lado, desde o início, petistas e socialistas, partidos de centro-esquerda."

Mudanças partidárias estão na história de São Bernardo
Nas últimas eleições municipais e após elas, alianças e mudanças partidárias no Grande ABC movimentaram de forma significativa a política regional.

Em São Bernardo, o ex prefeito pelo PSB Maurício Soares arrumou um arqui-inimigo em 2008 ao filiar-se ao PT, o então prefeito William Dib (PSB).

Também presidente do partido, o socialista Dib perdeu o apoio de Soares, que acabou apoiando a candidatura do atual prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT). Na época, Dib chegou a dizer ao Diário que o então petista tinha "perdido o caráter".

O ex-prefeito deu a justificativa de que o PT era outro. Soares participou da fundação do Partido dos Trabalhadores, que deixou em 1993 por grandes dificuldades de relacionamento com a direção do partido quando foi prefeito. Seu retorno à legenda se deu por um convite do próprio Marinho.

Reviravolta - Após perder as eleições em 2008 para Marinho, William Dib seguiu em frente e acabou se mostrando adepto à troca de partido no fim de 2009, tendo como principal motivo para isso, a busca por uma vaga na Câmara Federal neste ano. A tendência do PSB é apoiar o PT nos âmbitos nacional e estadual, decisão que o ex-prefeito já afirmou não ser a dele.

Aliança - Já como prefeito de São Bernardo, Marinho conquistou um outro poder de extrema importância para seu mandato. O chefe do Executivo conseguiu a maioria na Câmara Municipal ao receber o inesperado apoio dos dois vereadores do DEM. Outro partido que deu força à aliança foi o PPS, que candidatou Otávio Manente à presidência da Câmara. Agora sua base conta com PT, PTdoB, PPS e DEM, que juntos têm 11 das 21 cadeiras. As alianças partidárias vêm aumentando cada vez mais as forças políticas da cidade. (Jessica Cavalheiro)




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