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Funicular pode virar patrimônio histórico
Ana Macchi
Do Diário do Grande ABC
03/11/2001 | 18:51
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O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) quer incluir o 4º patamar do sistema funicular da Rede Ferroviária Federal no processo de tombamento da Vila de Paranapiacaba, em Santo André, que deverá ser concluído somente no próximo ano. Na semana passada, técnicos do instituto sobrevoaram de helicóptero a Vila para analisar as áreas aptas a se tornarem patrimônio histórico, o que inclui ainda a Reserva Biológica do Alto da Serra, uma parte do Parque Estadual da Serra do Mar e da Zona de Proteção (ZPA-5).

Os técnicos pretendem selecionar as edificações e maquinários do sítio histórico e querem ter como base as construções de Paranapiacaba que foram tombadas em 1987 pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo). “Só serão considerados os locais que tiverem características originais e os que estiverem em estado de descaracterização elevado. O levantamento do Condephaat vai ser muito útil na escolha”, disse o técnico Carlos Cerqueira que se refere principalmente à parte baixa da Vila. Em sua avaliação, a parte alta sofreu alterações que fogem à arquitetura de época (século XIX) e, por isso, o tombamento terá de ser analisado detalhadamente. Já o sistema funicular e as reservas florestais serão estudados paralelamente porque não são tombados pelo conselho.

Segundo o técnico José Saia Neto, 51, antes de o Iphan apresentar os locais que serão objetos de tombamento, será organizado um encontro com representantes da Rede Ferroviária Federal e também com a Prefeitura – principalmente para discutir assuntos referentes ao sistema funicular e acervo de maquinários. “Outras visitas terão de ser feitas, mas podemos adiantar que o processo tem de ser feito para ontem”, afirmou.

O técnico Cerqueira informou que o Iphan não possui verba federal suficiente para prover a restauração dos bens móveis da vila, mas tem intenção prioritária de garantir a preservação das características inglesas de Paranapiacaba. Além disso, é interesse do instituto proteger o entorno das construções e tombar também as áreas de vegetação próximas para evitar a descaracterização ecológica do sítio.

O tombamento, segundo ele, também seria eficiente para evitar que a Vila fosse vendida para a iniciativa privada e, dessa forma, perdesse completamente suas características históricas e ferroviárias. “Como grande parte já está tombada, é descartada a possibilidade deste tipo de venda. O tombamento do Iphan garante que a Vila só pode ser vendida para o poder público”, afirmou Cerqueira.

Tática – Inicialmente, os técnicos acreditam que o melhor a fazer é concentrar as expectativas de tombamento na parte da Vila que já é tombada pelo Condephaat para que o processo federal seja acelerado. Com a aprovação em Brasília, seriam abrangidas as outras áreas de interesse de uma forma contínua, até que toda a região de Paranapiacaba se tornasse finalmente patrimônio nacional.




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