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Professora baleada por aluno não quer voltar à sala de aula
Bruna Gonçalves e Camila Galvez
30/09/2011 | 07:20
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A professora Rosileide Queiros de Oliveira, 38 anos, baleada pelo estudante Davi Mota Nogueira, 10, recebeu alta do Hospital das Clínicas ontem, às 14h45. Ela foi encaminhada para a unidade pelo helicóptero Águia da Polícia Militar após ser alvejada na Escola Municipal Professora Alcina Dantas Feijão, em São Caetano, no dia 22. Rosileide teria afirmado a familiares que não pretende voltar a dar aulas, atividade profissional que desenvolve há dez anos.

"O trauma foi muito grande. Ela se recupera bem fisicamente, mas psicologicamente está abalada", disse o cunhado da docente, o operador de máquinas Alexandre Millan, 38. Ele acredita que ela precisará de acompanhamento psicológico.

A Prefeitura informou que Rosileide está afastada e terá todo o apoio que necessitar, assim como os demais docentes da instituição. Ela é concursada e, se assim desejar, continuará a dar aulas, se e quando o médico permitir. Outras opções são a mudança de escola, a transferência para setores administrativos ou mesmo a exoneração, caso ela não possa mais trabalhar.

Uma professora substituta chegou ontem à escola para ficar no lugar da docente enquanto a situação da profissional não for resolvida.

A família não informou para onde Rosileide foi levada após deixar o hospital. Ao longo de uma semana internada, ela passou por duas cirurgias: uma no dia 22, para remoção da bala alojada entre o útero e o reto, e outra anteontem, no joelho, que sofreu deslocamento após a queda causada pelo tiro.

Ainda segundo Millan, Rosileide soube da morte de Davi, que atirou contra a própria cabeça após baleá-la, apenas no domingo. "Ela estava desconfiada por causa das conversas no corredor do hospital. A confirmação veio pela televisão."

Os familiares conversaram com a professora sobre o assunto na segunda-feira. "Minha cunhada chorou muito, ficou chocada com o que aconteceu ao Davi. Acho que só agora ela está voltando para a realidade", disse Millan.

 

CARTA

Antes de ter alta, Rosileide divulgou uma carta à imprensa, agradecendo a todos que a socorreram, aos funcionários do Hospital das Clínicas e aos alunos e familiares da Alcina Dantas Feijão.

A professora ainda não se encontrou com a família de Davi após a tragédia. "Acho que essas coisas levam tempo. Não estamos forçando nada, porque os pais do menino sofreram muito e precisam estar bem para viver esse momento", opinou o cunhado de Rosileide.

Em entrevista ao Diário, os pais de Davi, o guarda-civil Milton Evangelista Nogueira, 42, e Elenice da Silva Mota Nogueira, 42, disseram ter vontade de abraçar a professora depois que ela se recuperasse.

 

Depoimento depende de estado de saúde

 

O depoimento da professora Rosileide Queiros de Oliveira, 38 anos, estava marcado para ontem, mas foi adiado pela delegada do 3º Distrito Policial, Lucy Mastellini Fernandes, responsável pela investigação do caso. Lucy aguarda o contato da professora para saber se está em condições de prestar depoimento para, assim, agendar nova data.

Sobre a imagem das câmeras da escola, Lucy afirmou estar concluindo a análise. "Por enquanto, não acrescentou nada de novo ao caso." Segundo a delegada, as câmeras não flagraram o momento em que Davi Mota Nogueira, 10, atirou na professora e se suicidou. "O que dá para ver é apenas o tumulto, a correria."

Os cinco alunos da Escola Municipal Alcina Dantas Feijão deverão ser ouvidos na segunda-feira. Os depoimentos serão prestados na Unidade de Saúde da Criança e do Adolescente Amabili Moretto Furlan, localizada à Rua Goitacazes, 301, no Centro, a fim de preservar as crianças. (Maíra Sanches)




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