A família de Rafael Demone, 34 anos, não se conforma com o destino do porteiro de Diadema. Descrito como pai de família dedicado, ele está sendo acusado como autor de um assalto em São Bernardo. A família garante que ele estava em casa no dia do crime; já a polícia afirma que ele foi reconhecido pela vítima.

O roubo aconteceu no dia 24 de agosto. Um homem que estava parado no ponto de ônibus na Avenida Edilu, no Jardim Independência, às 5h10, foi abordado por motociclista, que usava capacete e tinha arma de fogo. O celular e R$ 100 foram levados.

A investigação é realizada pelo 3º DP (Assunção). A vítima informou o número da placa e o modelo da moto, uma Yamaha de cor roxa. As informações batem com o veículo do porteiro.

Conforme o zelador Percy Demone, 55, pai de Rafael, a Polícia Civil procurou o filho na última segunda-feira. “Eles disseram que era para ajudar a esclarecer um roubo. Os levei até a casa onde meu filho mora com a mulher e a minha neta, eles reviraram tudo e ele saiu de lá algemado.”

A mulher, Gisele Coelho Silva Demone, 30, informou que o casal não sabia do que se tratava. A equipe de investigação executou mandado de busca na residência e o levou para a delegacia. Somente lá eles descobriram do que se tratava. “No dia desse crime ele estava comigo, aqui em casa. Ele tirou férias para ajudar a cuidar da filha recém-nascida, que era o nosso sonho”, disse.

Emocionada, Gisele relatou que Letícia, que tem pouco mais de 1 mês, já sente a falta do pai e que a família ainda espera acordar de um pesadelo. “Eles estavam muito apegados, porque ele sempre levantava à noite para ver como ela estava. Eu lembro do dia 24 perfeitamente. Ele estava comigo o tempo todo, cuidou da neném e também jogou videogame”, afirmou.

“O que faz eu perder meu sono é pensar que o meu filho está preso com bandidos. Chega a doer meu coração, porque a gente não pode vê-lo. Ele sempre foi uma pessoa de bem, honesta e trabalhadora”, disse a mãe, Magali Cristina Gonçalves da Rocha Demone, 52.

POLÍCIA

A Secretaria de Segurança Pública do Estado afirmou que a polícia identificou Rafael Demane como autor do crime. “A Polícia Civil esclarece que, durante o processo de Polícia Judiciária, Rafael Demone foi assistido e visitado por sua advogada de defesa”, disse a nota.

O delegado assistente do 3º DP, Fábio Andrade Benedito, afirmou que a vítima reconheceu o acusado. O ladrão teria levantado a viseira do capacete no momento da ação.“A investigação pediu a cópia da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) dele para o Ciretran. Quando mostrado para a vítima, ele foi reconhecido, o que aconteceu novamente na delegacia.”
A prisão preventiva foi decretada pela Justiça na quinta-feira, quando o acusado foi levado para o CDP (Centro de Detenção Provisória). O caso está na 3ª Vara Criminal de São Bernardo. Demone não tem antecedentes criminais e se declara inocente, dando a mesma versão da família.

“A única coisa que não bateu foi o capacete, modelo Robocop, que ele não tinha. A arma não foi encontrada. Porém, a vítima não titubeou nas outras informações”, disse o delegado.

De acordo com a advogada da família, Hilda Maria de Oliveira, foi pedida a liberdade provisória. Se não for aceita, ela vai solicitar um habeas corpus. “Estamos tentando conseguir imagens de casas do local, além de tentar encontrar testemunhas. Tenho certeza que o meu cliente é inocente.” A defesa também questiona o reconhecimento, já que o caso foi de madrugada. Segundo ela, o modelo do veículo também não bate e há possibilidade de placa alterada ou moto clonada.