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Em abril, Caps da região fizeram 1.503 atendimentos por dia

Dia da Luta Antimanicomial: procura por serviços públicos de saúde mental aumentou 40,6% na comparação com mesmo período de 2023

Beatriz Mirelle
17/05/2024 | 21:12
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FOTO: Reprodução


Acolhimento individualizado, grupos e oficinas terapêuticas, atenção à crise, apoio às famílias, atendimento domiciliar e, em alguns casos, internação. Esses são alguns dos serviços oferecidos pelos Caps (Centros de Atenção Psicossocial), que, apenas em abril deste ano, realizaram 45.095 consultas nas unidades do Grande ABC – número que representa média de 1.503 atendimentos por dia. Com isso, a demanda por serviços de saúde mental na região teve aumento de 40,6% na comparação com abril de 2023 (18.333 consultas). 

No Dia da Luta Antimanicomial, celebrado hoje, profissionais do Grande ABC ressaltam a importância de garantir a liberdade dos pacientes durante o acompanhamento terapêutico. De acordo com Cristiane Teodoro, coordenadora do Caps Adulto de Ribeirão Pires, a rede pública de saúde mental oferta atividades variadas para garantir o bem-estar dos usuários. 

“Temos grupos de leitura, oficinas de arte e esportes. Damos apoio aos cuidadores, às mulheres que foram vítimas de violência e possuem sofrimento psíquico, atendemos demandas de mães que perderam filhos, lidamos com luto, doenças como esquizofrenia e bipolaridade, entre outros casos.” 

Para ela, a pandemia instigou o aumento pela procura para cuidados com saúde mental e isso repercute até hoje. “Durante o isolamento, tivemos que lidar com o luto e o medo de forma muito próxima. Hoje, as pessoas também possuem mais informação e sabem o que é o transtorno de ansiedade, por exemplo. Se eu quebro meu braço, passo com um ortopedista. Então, por que quando estou emocionalmente abatido, não procuro pelo serviço de saúde mental? Estamos começando a entender que cuidar da mente é tão importante quanto qualquer outra parte do corpo.” 

O movimento da luta antimanicomial visa a garantia dos direitos das pessoas com sofrimento mental. Graças a isso, o Ministério da Saúde criou os Caps em 2002, como alternativa para os hospitais psiquiátricos. 

“Precisamos entender que a brincadeira em relação ao adoecimento psíquico de outra pessoa é inaceitável. Não há problema algum em priorizar o cuidado mental. Devemos lidar com essa pauta de forma leve tal qual qualquer outra especialidade. Quando conhecemos o serviço, encontramos histórias de diversas pessoas que conseguiram superar barreiras a partir do acolhimento e serviços oferecidos nos Caps”, diz Cristiane.

RESIDÊNCIAS

A região tem, ao menos, 17 Caps (veja os endereços no nosso site www.dgabc.com.br) e 22 residências terapêuticas. “Quando ocorreu o processo da reforma psiquiátrica e os manicômios foram fechados, os individuos não tinham para onde ir. As residências foram construídas para que eles pudessem morar e voltar à vida integralmente”, explica a coordenadora da saúde mental de Santo André, Marinês Santos de Oliveira. “Por muitos anos, os pacientes eram retiradas do convívio social. Nós, enquanto rede de apoio, temos que zelar para que o transtorno não defina o sujeito e para que possamos vê-los como pessoas para além de qualquer diagnóstico”, complementa. 

PROGRAMAÇÃO 

Até 2 de junho, a exposição “Não se enquadre” está em cartaz em Diadema, com obras de arte realizadas pelos usuários dos Caps junto com oficineiros da Secretaria de Cultura. Ela acontece no Museu de Arte Popular no Centro Cultural da cidade, de segunda a sábado, das 9h às 19h. 

No “Dia D” da Luta Antimanicomial em Ribeirão Pires, o Centro Técnico de Treinamento Olaria sediará apresentações de teatro e depoimento de pacientes das residências terapêuticas, entre outras ações, em 29 de maio, a partir das 11h. Haverá também oficinas de biju e origami, às 13h, e aulas de tranças e chás medicinais, às 14h. O local é na rua Pelegrino Gianasi, 141. 




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