Aproveitando o momento de fragilidade vivido por quem está com familiares internados por algum problema de saúde, estelionatários têm aplicado golpe, passando-se por profissionais de unidades de Saúde e pedindo dinheiro para a realização de exames. Na segunda-feira, ao menos seis pessoas com parentes internados na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) de Ribeirão Pires receberam telefonema de golpistas, que continham informações dos doentes e dos médicos da unidade.

Casos semelhantes foram registrados em hospitais de Marília e Bauru, no Interior, e em cidades de Minas Gerais e Piauí neste ano.

A mãe de Vera Neusa Santos do Nascimento, 51, está na UPA desde a madrugada de sábado com quadro clínico grave de DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). Na segunda-feira, durante a visita, o médico emergencista que a atendia, identificado como Lourenço, disse a Vera que era preciso aguardar vaga em hospital que dispunha de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para encaminhá-la. Vera foi para a casa de uma tia, próxima à UPA, quando seu celular tocou. “Um homem se identificou como Lourenço, chefe de emergência da UPA, disse que foi constatada hemorragia no pâncreas da minha mãe e que, se não passasse por cirurgia urgente, poderia morrer. Ele disse que seriam necessárias três tomografias, que custariam R$ 1.400”, conta. Segundo ela, o homem se expressava “muito bem.” O golpista pediu que Vera retornasse ao número que estava aparecendo em sua tela, que era seu “número particular”.

A dona de casa Ana Maria de Castilho, 59, também está com a mãe na UPA, em virtude de infecção urinária, e recebeu o telefonema com os mesmos pedido de exame e valor.

Apesar do desespero, as duas mulheres foram ao hospital reclamar da cobrança em equipamento do SUS (Sistema Único de Saúde) e, lá, descobriram que se tratava de golpe. “Já tinha gente que estava prestes a depositar, mas descobrimos a tempo. A que ponto chegou a bandidagem neste País”, lamentou Ana Maria.

Ontem à tarde, a Secretaria Municipal de Saúde registrou boletim de ocorrência no 1º DP (Centro). No documento, consta que homem ligou à UPA dizendo ser “Carlos, da Cross (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde) solicitando dados dos pacientes para agendamento de vagas. Funcionários teriam fornecido as informações.

Em Mauá, profissional da Santa Casa que preferiu não se identificar também recebeu ligação de pessoa que afirmava ser da Cross quatro meses atrás. “Uma médica escutou a conversa e disse que se tratava de golpe, pois em outro hospital onde ela trabalha aconteceu o mesmo.”

A polícia investigará o caso e orienta que, ao receber ligação do tipo, a pessoa procure o hospital imediatamente para checar a informação. O secretário de Saúde de Ribeirão Pires, Gerson Constantino, disse que a Pasta acompanhará as investigações.

Centro de especialidades é transferido

Desde o dia 3, a Secretaria de Saúde de Ribeirão Pires transferiu temporariamente o atendimento do Centro de Especialidades Médicas, que funcionava no Hospital e Maternidade São Lucas, no Centro, para a UBS (Unidade Básica de Saúde) do bairro Centro Alto. A justificativa é a falta de espaço físico no primeiro equipamento. “O prédio da UBS Centro Alto é novo e em ótimas condições, por isso, colocamos o serviço lá”, disse o secretário Gerson Constantino. Há projeto de construção de um Centro de Especialidades Médicas na Rua João Duarte, na região central, porém, ainda sem prazo.

POLÊMICA

O secretário comentou fala do prefeito Saulo Benevides (PMDB), de que “há sobra” de verba na Saúde, o que o fez pedir remanejamento de recursos, dos quais R$ 5 milhões da Pasta. “A sobra a qual se referiu foi de contrato com empresa que iria gerir a Saúde, mas não deu certo. Outras áreas também têm necessidades e entendemos isso.”