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Fauna é aliada contra mosquito

Casos de dengue passam longe de Paranapiacaba, mas conscientização dos alunos é constante na Emeief da vila ferroviária

Nelson Donato
Especial para o Diário
19/05/2016 | 07:00
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A Vila de Paranapiacaba,em Santo André, guarda tesouros históricos e naturais. Fundado por ingleses, o local é conhecido pela famosa ferrovia, pela arquitetura dos edifícios e por ser circundado pela natureza exuberante da Mata Atlântica. É com o princípio da preservação que a Emeief Paranapiacaba, situada na Rua William Speers, 100, adota atividades para conscientizar e integrar os alunos e a comunidade.

Apesar da epidemia de dengue que acometeu todo o Estado, a vila não sofreu com a doença. Isso porque o bioma que a cerca possui fauna rica e, entre tantos animais, vivem sapos, cobras e outros predadores naturais do mosquito Aedes aegypti. Mesmo com a proteção natural, a escola adotou diálogos e jogos educativos como forma de participar do projeto Santo André & Os Agentes Contra o Aedes, iniciativa das secretarias de Educação e Saúde em parceria com o Diário.

Um dos fatores mais importantes na luta contra o vetor da dengue, febre chikungunya e zika vírus é a ajuda vinda da comunidade de Paranapiacaba. Na escola, diversos voluntários participam de projetos educativos e abordam diferentes assuntos com os estudantes.

Uma das parcerias mais valiosas é a do biólogo Osmar Losano, 55 anos, que atua como guia em trilhas e conhece a biodiversidade do histórico distrito. Com os alunos, ele compartilha seu conhecimento por meio de fotografias da fauna e da flora, além de levá-los para passeios pela mata. “Essas crianças são as sementes do futuro. Ao transmitir para elas o que sei, sinto que estou participando na formação de adultos mais conscientes”, afirma.

A diretora da unidade, Ana Cláudia Azevedo Fonseca Santos, diz que ao receber instruções dos voluntários, as crianças assimilam o conhecimento com mais eficiência. “É incrível, nossos alunos prestam muita atenção e tenho certeza de que absorvem tudo o que é ensinado. Esses encontros são sempre instrutivos e têm como objetivo principal ressaltar a preservação da história e da natureza.”

Desde a cerimônia que iniciou o projeto Santo André & Os Agentes Contra o Aedes, a conselheira mirim da escola Samira Portella da Silva, 10, aprendeu muito sobre o mosquito e como combatê-lo. “Sei que não se pode matar os animais, pois alguns são predadores do Aedes. Também não podemos deixar água parada, pois é nela que a fêmea põe os ovos.”

Já o pequeno Cauan Almeida Alexandre, 8, conta que aproveita ao máximo as aulas com Losano. “Desenhamos os bichos que estão nas fotos. Nos passeios, vi esquilos, gafanhotos, rãs. É sempre muito legal aprender este tipo de coisa.”

Por meio de projeto, comunidade atua na educação das crianças

Mesmo longe dos centros urbanos, Paranapiacaba é uma fonte inesgotável de saber. A vila histórica abriga moradores que possuem profundo conhecimento sobre a natureza. Por esse motivo, a Emeief Paranapiacaba iniciou o projeto Currículo Vivo, iniciativa que reúne moradores da vila com o objetivo de trazer informações para as crianças.

Idealizadora da atividade, a professora Simone Maria de Lima ressalta o papel da comunidade na educação dos alunos. “Estamos em um lugar onde as pessoas precisam ter noção da sua importância e do seu papel na preservação da história e da natureza, portanto, nada melhor que integrar os moradores nesse processo de ensino.”

Um dos mais ilustres voluntários é João Manoel Santana, 60 anos, mais conhecido como João Grilo. O idoso trabalhou na ferrovia de Paranapiacaba por mais de três décadas e, nesse período, aprendeu muito sobre as plantas nativas da região.

Atualmente ele é uma das figuras mais respeitadas da vila, porém, nem sempre foi assim. Por ser uma pessoas de hábitos simples, ele foi vítima de preconceitos e, em um primeiro momento, muitos pais rejeitaram sua participação na educação das crianças. No entanto, com seu saber popular, ele conquistou o respeito de todos os moradores.

Com precisão, Santana mostra aos estudantes as diferenças entre as espécies da flora da Mata Atlântica. Por meio de técnicas sensoriais, transmite aos pequenos tudo o que aprendeu nos longos anos em que trabalhou na ferrovia. “Falo quais plantas são comestíveis e quais não são. Também ensino o modo correto de preparo. A molecada sempre aprende bastante coisa comigo.”

Outra voluntária de grande importância é Nina Passaes, 54. Ela conta que ensina aos estudantes como cultivar vegetais comestíveis. “Aqui temos uma horta. Ainda é um projeto que está no início, mas cada turma terá um canteiro onde diferentes tipos de plantas serão cultivados. Logo enviaremos plantas em garrafas PET para que as crianças levem para casa.”  




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