Carlos Boschetti Titulo Análise
A extinção do consumidor
Carlos Boschetti
03/03/2016 | 07:20
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Com a escalada do desemprego no Brasil, principalmente nas áreas metropolitanas – superando a marca de 9 milhões de pessoas que perderam seus postos de trabalho com carteira assinada, vemos que o problema mudou de patamar e atingiu também o andar de cima, indo para além dos trabalhadores com média e baixa qualificação.

Vemos que a rápida deterioração do mercado de trabalho já começou a atingir os trabalhadores mais qualificados. Pelos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego, no ano passado foram fechados 115 mil postos de trabalho com carteira assinada para os brasileiros com Ensino Superior incompleto ou concluído – sinal preocupante da piora acelerada da atividade econômica em 2015 e que deve continuar ao longo deste ano.

A retração no saldo marca uma importante virada. No período entre 2004 e 2014, o País sempre criou empregos para os mais escolarizados. No auge, em 2010, quando o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 7,6%, houve abertura de 306 mil empregos com carteira assinada para os trabalhadores com Ensino Superior completo ou incompleto. A demanda das empresas foi tão grande que tivemos um apagão de mão de obra qualificada no País, situação que se prolongou até o início de 2014.

O cenário começou a mudar com o desencadeamento da Operação Lava Jato e com os sinais de que a crise econômica veio mais forte do que se esperava. Tanto para 2015 como para 2016, os economistas estimam que a atividade deve recuar 4%. Se os números se confirmarem, será o pior desempenho econômico desde 1901.

Na esteira da retração do PIB, o mercado de trabalho passou por uma intensa piora num curto espaço de tempo. Normalmente, os empregados com mais qualificação são os últimos a perderem o emprego porque as empresas seguram ao máximo esses profissionais, temendo dificuldade para recontratá-los no futuro.

TEMPORÁRIO - Sem trabalho, o brasileiro tem de se virar para conseguir uma renda mínima e muitos estão se arriscando em abrir um negócio ou até mesmo viver de ‘bicos’ ou ‘biscates’, termo muito usado nas comunidades e entre as pessoas que precisam de determinados trabalhos ou reparos que um profissional sem emprego pode prestar. Porém, essas atividades sazonais não geram uma renda ou salário recorrente como num emprego com carteira assinada.

Muitos profissionais altamente qualificados estão tentando abrir seus próprios negócios entre amigos ou familiares, o que demanda muito cuidado principalmente requer habilidades e competências que não necessariamente são de domínio desses profissionais.

Além de conhecimentos de mercado, operação, marketing, finanças e gestão é preciso investir e ter capital de giro garantido pelo menos por 24 meses. Está aí o grande desafio para superar a taxa de mortalidade do mercado brasileiro, onde 50% das empresas morre antes dos dois anos de operação.

QUEM VAI COMPRAR? - Mas, com toda essa crise, fica uma pergunta frente aos desempregados e aos novos negócios: quem será o consumidor? Quem vai ter renda ou credito para comprar?  




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