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Afrescos de Marcier precisam de manutenção

Santa Casa de Mauá busca parceiros para consertos em capela

Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
01/05/2013 | 07:00
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A Capela Sistina brasileira está escondida na Santa Casa de Mauá. Quem passa em frente ao hospital, na Vila Assis Brasil, não imagina que suas paredes encerram afrescos produzidos pelo artista romeno Emeric Marcier entre 1946 e 1947. Os 23 painéis que retratam trechos do Velho Testamento e da crucificação de Jesus Cristo estão com infiltrações e rachaduras. A Santa Casa busca patrocinadores interessados em investir na manutenção periódica do espaço.

Estimativa do diretor superintendente Harry Walendy é que sejam necessários R$ 10 mil mensais para manter os afrescos conservados. "Nos viramos como podemos. Tentamos resolver os problemas aos poucos, mas, como cada conserto precisa ser feito por um especialista, o custo é alto."

A capela foi restaurada pela última vez em 1995. Há dois anos, o estuque trincou e ameaçou cair, o que demandou outra obra. O problema foi resolvido, mas há outras ameaças às cenas da Dança do Bezerro de Ouro, da Torre de Babel com aviões que remetem à Segunda Guerra Mundial, dos Dilúvios e Mar Vermelho, todos cheios de demônios saindo do purgatório que deixaram os padres de cabelo em pé na época em que o trabalho foi feito. Rachaduras se espalham pelas figuras, e há pontos de bolor na obra e no teto, principalmente na parte de trás do altar, nas cenas que retratam a crucificação de Cristo.

Atualmente há pedido de tombamento parcial dos afrescos e do altar no Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), mas não há prazo para a aprovação.

HISTÓRIA

Emeric Marcier (1916 - 1990) nasceu em Cluj, na Romênia, e, por ser judeu, chegou ao Brasil como refugiado da Segunda Guerra Mundial.

Em sua autobiografia Deportado para a Vida, reclamou da estrutura da capela construída pela Juventude Operária Católica e cedida para que fizesse sua obra. "O jovem padre saleciano, com aspecto jovial, mostrava o prédio recém-terminado com a igrejinha no meio, tudo de péssimo gosto e construção apressada para aproveitar a oferta de um especulador que tinha loteado a área e oferecido o terreno - não por caridade, mas para atrair compradores para os lotes de acesso um pouco difícil."

Outro trecho reclama das ruas de terra da então colônia de férias de Mauá, que só se transformaria em cidade em 1953. "...outra vez a pirambeira que com chuva virava um lamaçal intransitável."

Mesmo diante de tantas adversidades do município então nascente, Marcier produziu sua obra sob luz de velas e a deixou como um patrimônio para a cidade. Para quem quiser conhecê-la, a capela está aberta diariamente das 8h às 18h. Toda quinta-feira, às 15h, é realizada a Missa dos Enfermos. Para visitas em grupo, é preciso agendar com a Santa Casa por meio do telefone 2193-8300 ou 8309.




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