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GCM tem mulher no subcomando

Vilma da Silva Tavares, 43 anos, é a primeira a ocupar o cargo na corporação de Santo André e quer incentivar outras a seguir o seu caminho

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
30/09/2015 | 07:00
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André Henriques/DGABC


 Desde criança, quando brincava de polícia e ladrão, Vilma da Silva Tavares, 43 anos, sonhava em trabalhar com Segurança pública. Hoje ela é a primeira mulher que exerce o cargo de subcomandante da GCM (Guarda Civil Municipal) de Santo André.

Ela, que entrou na corporação em 1990 com a segunda turma de mulheres, tem como principal batalha o ingresso delas na GCM. Atualmente são 617 guardas-civis, sendo que apenas 109 são do sexo feminino. “Meu sonho é que cada viatura opere com um homem e uma mulher. Na minha visão é o ideal, porque é importante para o atendimento de ocorrências. Tenho o desejo de ver o número de guardas aumentar e que elas atuem cada vez mais no campo operacional”, afirmou.

Para chegar até o cargo atual, Vilma não mediu esforços. Além de ser uma das poucas mulheres da corporação, ela também está entre as três que operam em motocicletas e são professoras instrutoras de tiro do Método Giraldi. Tem formação acadêmica em Gestão em Segurança Pública e 38 cursos pela Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), entre eles Mediação de Conflitos, Direitos Humanos e Uso Diferenciado da Força. Ela também é instrutora de armamento e tiro formada pela Polícia Civil.

Mesmo com extenso currículo conquistado na corporação e enorme paixão pelo que faz, o início da carreira não foi fácil para Vilma. Segundo ela, o caminho era mais longo para as mulheres. “Foi uma conquista diária. A gente teve algumas dificuldades de relacionamento com os guardas. Às vezes eles ficavam incomodados com a gente. Até mesmo a questão do uniforme era bem diferente, uma saia calça e um chapéu mais arredondado.”

Hoje, segundo ela, a situação é diferente, mesmo com o número pequeno de mulheres na corporação. “Atualmente temos patrulheiras, o que antes era muito difícil de se ver. Já representa um grande avanço”, disse.

Embora fale com tranquilidade de suas atividades diárias, Vilma já encarou a morte de perto. Em perseguição a um carro roubado, o ladrão disparou vários tiros em sua direção. Ela pilotava uma motocicleta e quase foi atingida. “O que mais me impressionou foi que ele só tinha 12 anos, uma criança que mal alcançava o pedal para dirigir. Nem consegui pensar direito que podia morrer, fiquei muito comovida com a idade dele”, contou, emocionada.

Outra atividade difícil é o acompanhamento aos moradores de rua e usuários de drogas, principalmente na região da Tamarutaca. Além do programa do governo federal Crack, É Possível Vencer, que capacitou guardas-civis da cidade, há acompanhamento das ações da Secretaria de Saúde. “É difícil, como mulher, você ver muitas meninas grávidas e crianças naquela situação. O mais triste é que, na maioria das vezes, elas não querem receber ajuda.”

Mesmo com todas as dificuldades, Vilma destaca que o principal para a profissão é a coragem. “Você precisa ter coragem para sair de casa e trabalhar todos os dias. O que a gente precisa mesmo é de comprometimento”, disse.

Ela tem dois sobrinhos, um de 23 anos e outro de 26, que cria desde a morte da irmã por aneurisma e considera os seus filhos. Nascida no Parque das Nações, afirma esperar ser exemplo para a família e as colegas no futuro, o que já acontece. “Sinto um orgulho imenso de estar aqui.”




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