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Falta de funcionários preocupa pais
Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
06/07/2010 | 08:15
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A falta de funcionários na EE Nadir Lessa Tognini, na Vila Floresta, em Santo André, desde o início do ano letivo, tem preocupado os pais. Brigas e falta de limpeza na sala e banheiros são as principais reclamações.

A dona de casa Maria Regina de Castro, 57 anos, disse que a escola está abandonada. "O único inspetor que havia pediu exoneração. Fizemos até um abaixo-assinado pedindo um funcionário, porque desse jeito a diretora fica sobrecarregada", disse a mãe de um aluno do 6º ano.

Segundo ela, o filho sempre reclama que o banheiro não está limpo e que há brigas no intervalo. "Ele já apanhou duas vezes. A última foi na semana passada por alunos mais velhos. A sorte é que a professora viu e controlou a situação", contou.

O aposentado João Castellucci Neto, 63 anos, disse que falta pulso da parte da escola para controlar a situação. "Meu filho conta que os mais velhos pedem dinheiro para os menores e ficam fumando no pátio. Para isso não acontecer precisa de funcionário. O ensino é muito bom comparado a outras escolas estaduais da cidade, não pode deixar que isso atrapalhe", explicou João, pai de um aluno do 6º ano.

A doméstica Maria Neide Oliveira, 40, contou que colocou a filha na escola por ser referência. "Na Cidade São Jorge é complicado o nível das escolas, pensei que aqui poderia ser diferente, mas acontece a mesma coisa, brigas e falta de controle da escola."

Transferência - Para alguns pais a situação chegou ao ponto de pedir transferência. "O problema é que não tem vaga em outra escola, porque desse jeito está difícil. Ela estuda há três anos e antes não era assim", disse o cabeleireiro Vagner Daniel da Silva, 42, pai de uma aluna do 8º ano.

É o primeiro ano dos filhos do casal João Carlos Rodrigues do Santos, 40, e Suzy Correa dos Santos, 40, e ambos já estão arrependidos. "Eles reclamam do ensino, além da falta de segurança e da sujeira. A diretora é esforçada, ela corre atrás, mas nada é feito", ressaltou o consultor técnico João, pai de dois alunos, ambos do 6º ano.

Dedicação - Os funcionários ouvidos pelo Diário confirmaram as reclamações apontadas pelos pais e dizem que fazem o que podem para dar conta. Eles contaram que a situação não era assim. "Em 2008 havia cinco inspetores, em 2009 passou para dois. Neste ano os dois inspetores que entraram pediram exoneração do cargo, ou seja, até agora não foi colocado ninguém no lugar", disse uma funcionária, que não quis se identificar.

Eles contaram que a diretora e a vice estão sobrecarregadas, porque realizam funções que deveriam ser de outros. Às vezes, a diretora é a responsável por abrir o portão na hora da entrada. "A aula é iniciada às 7h. O correto com um inspetor seria abrir às 6h45, mas como não temos, abrimos 6h50", contou uma funcionária.

Além disso, a escola conta com quatro funcionárias na cozinha, duas pessoas responsáveis pela secretaria e uma para a limpeza.

Por falta de inspetor e segurança, eles afirmam que há brigas, muitos alunos pulam os muros já que o alambrado está caído, além de haver invasões durante o fim de semana. Para eles, a escola, que é de tempo integral para alunos da 5ª a 8ª séries, não possui estrutura suficiente.

Problemas em escolas de Mauá são resolvidos em parte
O mesmo problema é conhecido em outras escolas estaduais da região. Na semana passada, o Diário publicou que, há cerca de dois meses, as instituições de ensino EE Professora Marilene de Oliveira Acetto, no bairro Sertãozinho e a EE Jardim Zaíra 7, em Mauá, convocaram os pais para a limpeza nas unidades. A equipe do Diário retornou às escolas e os pais da EE Professora Marilene de Oliveira Acetto asseguraram que os problemas de falta de funcionários foram sanados.

Na EE Jardim Zaíra 7, a situação não mudou muito. Apenas o portão da quadra com acesso à rua foi consertado. A falta de limpeza continua. Eles disseram que após a publicação ficou difícil falar com a diretora e, há duas semanas, um aluno entrou com bebida alcoólica.

A Secretaria Estadual de Educação esclareceu que a convocação na EE Jardim Zaíra 7 para a limpeza foi iniciativa do Programa Escola da Família e que ninguém foi obrigado a participar. A Pasta frisou que há funcionários de limpeza e que há diálogo entre comunidade e a direção.

Dirigente regional rebate reclamações
A dirigente regional de ensino de Santo André Maria Aparecida Selisberto rebate as críticas dos pais dos alunos da EE Nadir Lessa Tognini, na Vila Floresta, em Santo André.

Ela explicou que a escola possuía um agente de organização escolar, conhecido com inspetor. "O funcionário pediu exoneração no dia 17 de maio. Depois uma outra funcionária, que entrou no lugar, pediu no dia 23 de junho", explicou a dirigente, que já solicitou outro servidor.

Quanto à falta de servidor de limpeza, Maria é objetiva. "Temos duas funcionárias, uma que entra às 6h e outra às 14h. Além disso, temos quatro merendeiras, que são contratadas como agente de serviço escolar. Portanto, se não estiver atuando na cozinha pode ajudar na limpeza", afirmou.

Em relação à falta de segurança, ela admite que o muro da escola é baixo e facilita o acesso de pessoas de fora entrar na escola. "Já encaminhou pedido para a FDE (Fundação para Desenvolvimento da Educação) aumentar o muro", disse.

Estado - Segundo a Secretaria Estadual de Educação, a escola possui 380 alunos no período da manhã e tarde e enquanto não há um agente, quem está se responsabilizando pela abertura do portão para a entrada dos alunos é uma funcionária e a diretora da escola. A Pasta ressaltou que não há indícios de violência na unidade.

Saúde pública - Os alunos e funcionários informaram que a escola registrou casos de dengue neste ano. A secretaria disse que a instituição de ensino fica próxima a um córrego do bairro e ressaltou que a unidade entrou em contato com os órgãos responsáveis da cidade.




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