Ter o município dividido pela Via Anchieta é um bônus e um ônus para São Bernardo. Se por um lado o corredor é quase uma linha reta para Capital e Litoral, por outro reduz as opções de acesso para bairros e alternativas de fuga.

Embora seja uma rodovia, com mais pistas para os veículos e limite de velocidade de 90 km/h nas marginais, o trecho de planalto da Anchieta tem características de avenida.

Nos principais acessos - como o das avenidas Lucas Nogueira Garcez, Piraporinha, Lions e 31 de Março - é comum o trânsito quase parar para entrada e saída de veículos.
Segundo a Ecovias, em média, por hora, cerca de 850 veículos transitam pela Via Anchieta, subindo para a Capital ou descendo para a Baixada Santista.

Em horários de pico, o volume aumenta para cerca de 1.150 veículos por hora. Mas, de acordo a concessionária, é possível que esse número seja ainda maior, pois a contagem é feita somente na praça de pedágio.

Os motoristas que utilizam trechos menores do segmento de planalto - entram em um acesso e saem pelo outro -, ficam fora da conta.

"A Anchieta não tem mais jeito. Há uns dois, três anos, ainda era possível ganhar tempo. Hoje não dá mais para saber quando vai parar ou não", afirmou o taxista Delclécio Alves, 63 anos.

Na praça há 36 anos, Alves, que trabalha em ponto na Avenida Caminho do Mar, contou que os próprios passageiros sugerem aos taxistas que evitem a Anchieta.

"Sem contar que quando chove forte vem o alagamento. Para fugir, os motoristas desviam para o bairro Rudge Ramos, que já é movimentado", completou o taxista Eronides Mariano Barros, 65.

FÔLEGO
Os motoristas ouvidos pelo Diário sugerem a Avenida do Taboão como alternativa para escapar do tráfego pesado da Anchieta e alcançar a Zona Sul da Capital.
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"Por essa rota, é possível chegar ao aeroporto de Congonhas em 30 minutos. É uma opção, mas no horário de pico quase nenhum caminho funciona. Esse é talvez só o menos pior", ponderou o taxista Alves.

O efeito para saúde das muitas horas perdidas dentro do carro em um congestionamento é velho conhecido de todos.

"O estresse é um processo de defesa do organismo, um alerta contra ameaças externas, que enfrentamos ou fugimos", explica a professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e especialista em psicologia ambiental Marlise Bassani.
"Quando ficamos muito tempo expostos a situações de estresse contínuo, como no trânsito, esse mecanismo reage e pode provocar alterações físicas e psicológicas, como desatenção, irritabilidade, mal-estar, dores de cabeça, de estômago e musculares", explicou.

Na edição de amanhã, reportagem sobre São Caetano

Lentidão nos acessos congestiona trecho de planalto

Os registros diários de lentidão na Via Anchieta são reflexos do congestionamento das entradas e saídas dos bairros no trecho urbano. A justificativa é da Ecovias, administradora da rodovia.

Segundo a companhia, o tráfego fica retido porque os motoristas precisam diminuir a velocidade para acessar os bairros e também podem parar por conta dos semáforos nas vias do município.

Em São Bernardo, segundo a Prefeitura, 25 vias recebem, nos horários de pico, volume superior à capacidade. Muitas delas permitem acesso à Anchieta, como as avenidas Maria Servidei Demarchi e João Firmino.

Entre outras obras para melhorar o tráfego, concluídas ou em andamento, a administração destacou a construção do viaduto e o rebaixamento da Avenida Lions. O aproveitamento do inacabado viaduto do km 22,5 da Anchieta está em estudo.

Além da Anchieta e da Avenida do Taboão, é possível chegar à Capital por São Bernardo atravessando Diadema - Rodoanel, Rodovia dos Imigrantes ou Avenida Cupecê. Por São Caetano ou Santo André, o acesso é pela Avenida dos Estados.