Setecidades Titulo Caso Eloá
Termina terceiro dia de
julgamento do caso Eloá

Trabalhos serão retomados na manhã desta quinta-feira com
os debates da acusação e defesa de Lindemberg Alves

Do Diário OnLine
15/02/2012 | 12:48
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Terminou por volta das 19h45 desta quarta-feira o terceiro dia de julgamento do caso Eloá Pimentel, realizado no Fórum em Santo André. Lindemberg Alves Fernandes, acusado de matar a ex-namorada em outubro de 2008, falou pela primeira vez sobre o crime. Ele depôs por mais de cinco horas, pediu perdão à família da vítima e admitiu que efetuou disparos contra a garota.

"Quero pedir perdão para a mãe dela (Eloá) em público, pois eu entendo a sua dor", disse. "Quando a polícia invadiu, a Eloá fez menção de levantar e eu, sem pensar, atirei. Foi tudo muito rápido", explicou.

Acompanhe aqui alguns trechos do depoimento de Lindemberg

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Quando questionado sobre o disparo contra Nayara Rodrigues, amiga da vítima, o acusado disse não se lembrar. "Não posso dizer se atirei ou não na Nayara. Eu não me lembro."

O julgamento esta previsto para ser retomado na manhã desta quinta-feira às 9h, com os debates de acusação e defesa. Um júri formado por seis homens e uma mulher decidirá se o réu é ou não culpado pelos crimes de homicídio qualificado, tentativa de homicídio, cárcere privado e disparo de arma de fogo. Só então a juíza lerá a sentença e a pena definida.

Ainda hoje foi ouvido o depoimento da última testemunha de defesa, Paulo Sérgio Squiavano, membro do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) e que participou da operação na época do ocorrido. A oitiva durou quase duas horas.

Confira abaixo os trechos mais importantes do depoimento de Lindemberg.

Motivação - Lindemberg alega que o sequestro começou quando ele chegou no apartamento de Eloá e a encontrou acompanhada de Nayara e os outros dois meninos.

Segundo ele, a ex-namorada se atrapalhou ao explicar a presença de Victor Lopes de Campos, uma vez que sabia que Iago Vilela de Oliveira era namorado de Nayara.

Ele ficou furioso porque eles haviam reatado o namoro no sábado anterior ao sequestro e haviam prometido que contariam um para o outro tudo que acontecesse na vida deles.

Ao pressionar Victor, o menino admitiu ter beijado Eloá, que continuou negando o ocorrido. Foi neste momento que Lindemberg mostrou que estava armado. "Infelizmente, doutora, trair hoje é normal, mas eu não sou um cara que admite traição." Ele ainda chegou a declarar: "Qualquer pessoa por estar armada, após saber que sua namorada estava beijando outro garoto, ia tomar uma medida mais extrema e atirar nela (Eloá) de primeira".

Arma- O acusado contou que adquiriu a arma de um senhor que estava vendendo todos os pertences no Parque da Juventude, em Santo André, para poder voltar para sua terra natal. Entre os itens oferecidos estavam o revólver e a munição.

Lindemberg explicou que comprou o artefato, pois ele já havia recebido três ameaças de morte vinte dias antes do sequestro começar. A partir de então, ele passou a andar armado o tempo todo. "Eu não tinha inimigos e não tinha arrumado briga com ninguém. Não sei quem poderia ter feito isso, mas fiquei com medo."

Cárcere - O sequestro foi descoberto quando o pai de um dos meninos foi buscá-lo na casa de Eloá. Neste momento, Lindemberg abriu a porta, mostrou a arma e informou que os jovens estavam em seu poder e que só os deixaria sair depois que conversasse com sua namorada. O pai, então, acionou a polícia.

"Depois do primeiro dia, após ver as viaturas, precisei de um tempo para assimilar tudo o que estava acontecendo, aquele monte de policiais, de jornalistas, eu nunca tinha sido preso, eu não estava acostumado com isso."

O réu deixou claro em seu depoimento que sempre permitiu a saída de Nayara, Victor e Iago, mas fazia questão da presença de Eloá.

Os amigos se recusaram a deixar Eloá sozinha com Lindemberg e a decisão de voltar ao apartamento partiu de Nayara, pois ela gostaria que todos saíssem daquela situação juntos.

Ele contou que a ex-namorada o lembrou do sequestro ocorrido no Rio de Janeiro com o ônibus 174, e que ao mesmo tempo que ele não confiava na polícia, ela também tinha medo de morrer e não desejava deixar o apartamento.

Agressões - O acusado nega que tenha agredido Eloá durante o tempo que permaneceu com ela no cárcere. Segundo ele, ela gritava e chorava sem que ele tivesse feito alguma coisa. Ele afirma que o único momento em que "encostou a mão" nela foi quando, ao mostrar o revólver, Eloá tentou agarrá-lo e com medo de que ela o desarmasse, a empurrou no sofá.

Família de Eloá - Lindemberg contou que sempre teve uma boa relação com a família de Eloá, exceto com o irmão mais velho, Ronickson Pimentel dos Santos.

Ele afirmou que confiava em Everton, irmão caçula da vítima, e por isso só aceitou negociar com ele. "Confiava muito mais nele do que na polícia."

Durante o depoimento, todas as vezes que o acusado toca no assunto, sua voz fica embargada. Ele faz questão de chamar a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel da Silva, de Dona Tina.

Os disparos - De acordo com o réu, ele, Nayara e Eloá estavam prontos para sair do apartamento pouco antes da invasão da polícia. A intenção, segundo Lindemberg, era sair sem avisar ninguém, pois ele temia por sua vida.

Quando houve a explosão na porta, Eloá fez menção de levantar e, "sem pensar", ele disparou a arma. "Depois que atirei na Eloá fiquei meio atordoado. Quando me recuperei já estava no chão sendo agredido pelos policiais", completou. O acusado negou que, antes disso, tenha atirado no sargento da Polícia Militar Atos Antônio Valeriano. Ele afirmou que foi um disparo acidental por não saber manusear a espingarda que havia encontrado na casa de Eloá.

"Infelizmente foi uma vida que se foi. É difícil falar isso, mas em alguns momentos nós três levamos aquilo tudo na brincadeira." (Com informações de Cadu Proieti, Elaine Granconato e Rafael Ribeiro)




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