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Denunciante sofre pressão do partido
Mark Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
05/03/2011 | 07:44
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O líder comunitário do Jardim Oratório, João Lopes, o João de Mauá (PSDB), autor de denúncia encaminhada ao MP (Ministério Público) sobre o uso irregular dos carros oficiais da Câmara de Mauá, tem sido pressionado pelo partido a não ir adiante no caso. O tucano cogita pedir afastamento da legenda.

"Tornei-me não confiável para eles", ressalta João, que teme que o seu desejo de se candidatar a vereador em 2012 seja barrado pela cúpula tucana da cidade.

Mas os executores da pressão tendem a não ser apenas os tucanos, representados no Legislativo por seu presidente municipal, Adimar José Silva, o Edimar da Reciclagem. Isso porque a acusação coloca contra a parede todos os 17 vereadores.

Edimar foi nomeado na segunda-feira um dos três integrantes da sindicância criada pelo presidente da Casa, Rogério Santana (PT), para apurar a denúncia - os outros são Rômulo Fernandes (PT) e Alberto Pereira Justino, o Betão (PSB) - leia reportagem abaixo.

O mandatário do PSDB na cidade não esconde que João poderá sofrer represálias do partido. "O novo presidente verá o que fará com ele", alerta. A convenção que definirá os novos integrantes do diretório e da executiva municipal do partido está marcada para o dia 13.

A postura de Edimar considera as pretensões de João. "Uma coisa é denúncia de quem não está na política, outra é a de quem quer estar aqui", atenta. "Denunciar ato falho da Câmara é legítimo, desde que seja a verdade. Se não, já cria clima ruim com pessoas que ele pretende que sejam seus colegas de trabalho", analisa o vereador.

 

LENTIDÃO

O primeiro ato da investigação será na quinta-feira, somente 11 dias após a publicação da sindicância, que vigorará inicialmente por 60 dias - o prazo poderá ser estendido caso não haja resultado satisfatório. Está agendada reunião dos integrantes do grupo com João de Mauá após a sessão ordinária.

Apesar da criação da sindicância, corre no Legislativo a sensação de que nada será feito para coibir o uso dos carros oficiais para a prática de atos assistencialistas e eleitoreiros.

 

Acusação é conduzida com cautela e desprezo

 

A denúncia encaminhada por João de Mauá ao Ministério Público tem sido conduzida com cautela, mas também com desprezo, pelos parlamentares. Apesar de não admitirem publicamente, é consenso entre os pares e funcionários do Legislativo de que, mesmo sob regulamentação, dificilmente os veículos deixarão de ser utilizados para a prestação de favores a moradores.

"Mesmo com as situações partidárias, há combinado na Câmara de um vereador não ferrar com o outro. São corporativistas", lamenta o denunciante. O cenário só mudará perante amplo processo de fiscalização, o que está fora de cogitação pela presidência da Câmara.

Líder do governo e um dos integrantes da sindicância, Rômulo Fernandes, apesar da descrença alheia, projeta ouvir, "em 30 dias", todos os envolvidos.

João de Mauá protocolou a acusação na promotoria da cidade há duas semanas. Além de alertar para o uso dos carros oficiais para práticas assistencialistas, há um flagrante envolvendo o vereador Ozelito José Benedito, o Irmão Ozelito (PSB). Carro a serviço de seu gabinete foi fotografado transportando material de sua campanha para deputado estadual, em 2010. O socialista se diz vítima de armadilha arquitetada por um ex-assessor.




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