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Câmara de S.Bernardo derrota Morando e convoca secretário de Saúde

Geraldo Reple tem 15 dias para explicar aos vereadores problemas denunciados no Hospital da Mulher

Artur Rodrigues
30/04/2024 | 14:03
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FOTO: Celso Luiz/DGABC


A Câmara de São Bernardo aprovou ontem a convocação do secretário de Saúde, Geraldo Reple Sobrinho, para dar explicações sobre os casos de negligência registrados no Hospital da Mulher, conforme publicado pelo Diário nas últimas semanas. Reple tem 15 dias para comparecer ao Legislativo e esclarecer as questões que serão colocadas pelos vereadores. 

O requerimento de autoria coletiva foi assinado e aprovado por 18 parlamentares, fato que representou a primeira grande derrota do prefeito Orlando Morando (PSDB) em quase oito anos de gestão. 

“Não estamos falando de apenas um caso. Vidas estão sendo ceifadas na saúde pública municipal. São casos e mais casos de negligência médica. Nós temos que convocar o secretário de Saúde a explicar o que está acontecendo na saúde de São Bernardo. Estamos falando de uma cidade que gasta quase R$ 2 bilhões com saúde pública. Onde está sendo empregado esse dinheiro?”, disse o vereador Julinho Fuzari (Cidadania). 

Parte da ala governista tentou frear a votação, assim como aconteceu na semana passada, quando o presidente da Câmara, Danilo Lima (Podemos), suspendeu a sessão por mais de 1h30 enquanto aguardava as respostas da Prefeitura aos requerimentos de informação sobre as denúncias na Saúde. Desta vez, em meio às sucessivas suspensões, os trabalhos chegaram a ser prorrogados até às 15h, prazo máximo para a realização da sessão ordinária, segundo o regimento interno. Durante as pausas, líder e vice-líder do governo, os vereadores Ivan Silva (PRTB) e Maurício Cardozo (União Brasil), respectivamente, tentavam convencer os demais legisladores a não votarem o requerimento. 

“A Prefeitura está tomando as providências cabíveis. O próprio diretor do Hospital da Mulher foi afastado. Se montou um comitê técnico para avaliar os fatos e punir quem tiver que ser punido”, declarou Maurício em discurso na tribuna. 

Outro fato que chamou atenção foi a ausência de Danilo Lima durante o período em que a sessão ficou suspensa. Vereadores que assinaram o requerimento viram a atitude do presidente do Legislativo como uma tentativa de travar a sessão e impedir a votação. 

“Eles tentaram fazer de tudo, o presidente foi embora e alguns ficaram inseguros com essas movimentações. Mas, no fim, deu tudo certo e é isso que importa”, disse Glauco Braido (MDB). 

Com Danilo de volta à cadeira, o requerimento entrou para votação às 13h20. Os 18 vereadores que votaram pela convocação de Reple foram os mesmos que assinaram o pedido de urgência ao documento: Ana Nice (PT), Aurélio (Podemos), Dr.Manuel (PMB), Eliezer Mendes (PL), Fran Silva (Avante), Getulio do Amarelinho (PT), Glauco Braido (MDB), Gordo da Adega (Podemos), Henrique Kabeça (PMB), Joilson Santos (PRTB), Julinho Fuzari (Cidadania), Lucas Ferreira (PL), Netinho Rodrigues (Podemos), Palhinha (Avante), Paulo Chuchu (PL), Pery Cartola (Cidadania), Reginaldo Burguês (Agir) e Toninho Tavares (Agir). 

Em meio ao caos na Saúde do município, Geraldo Reple entrou em férias de 15 dias em 23 de abril e só deve retornar no dia 7 de maio. Nos bastidores, não está descartada a exoneração do secretário para que ele não tenha que comparecer à Câmara. Ele ocupa o cargo desde 2017 e é um dos principais aliados de Orlando Morando. 

Dez vereadores não apoiaram a convocação 

Nove vereadores optaram por não votar o requerimento que estabelece a convocação do secretário de Saúde de São Bernardo, Geraldo Reple Sobrinho, para dar explicações sobre os casos de negligência registrados no Hospital da Mulher. 

Alex Mognon (Progressistas), Almir do Gás (PRD), Ana do Carmo (PT), Bispo João Batista (Republicanos), Estevão Camolesi (Cidadania), Ivan Silva (PRTB), Jorge Araújo (União Brasil), Maurício Cardozo (União Brasil) e Minami (Republicanos) se abstiveram da votação. Além deles, o presidente do Legislativo, Danilo Lima (Podemos), não assinou o documento - embora impedido de votar pelo posto que ocupa, ele poderia assinar. 

Com exceção de Ana do Carmo, todos estavam presentes no plenário quando a peça entrou em pauta. Por falar na petista, tem chamado atenção a falta de adesão da vereadora ao documento que confronta a gestão do prefeito Orlando Morando (PSDB). Além de se ausentar do plenário no momento da votação, ela também não assinou o requerimento para votação sob regime de urgência. A posição da parlamentar foi contrária às de seus colegas de bancada, Ana Nice e Getulio do Amarelinho, que assinaram o documento e votaram pela sua aprovação. O Diário está desde a semana passada tentando contato com Ana do Carmo, mas não há retorno por parte da vereadora. Antes da votação, seus assessores disseram à reportagem desconhecerem o posicionamento da petista sobre a peça. 

Também surpreendeu o posicionamento de Alex Mognon e Estevão Camolesi. Embora sejam aliados de longa data de Orlando Morando, ambos estão entre os dissidentes do governo em relação à corrida eleitoral. Eles migraram para o grupo do deputado federal e pré-candidato a prefeito Alex Manente (Cidadania). 

Apesar de apoiar Marcelo Lima (Podemos) como pré-candidato ao Paço, Ivan Silva segue como líder do governo e fez novas defesas à administração, apesar de mudar o tom em relação à sua declaração na semana passada, quando normalizou as mortes ocorridas no Hospital da Mulher. “Nós estamos apurando e cobrando. Não vamos tolerar. Eu, como vereador, tenho obrigação de fiscalizar o Executivo, independente da minha posição de governo”, disse.




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