Memória Titulo
Um museu para os escravos e imigrantes
Ademir Medici
25/05/2017 | 07:00
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Mais uma voz sai em defesa do Museu do Trabalho e do Trabalhador: professor Alexandre Takara. Um museu que estude e construa o trabalho do escravo nas fazendas de São Bernardo dos séculos 18 e 19, por exemplo. Ou dos imigrantes italianos, operários, que se transformaram em industriais, criando frentes de trabalho e semeando os primeiros passos de um parque industrial legitimamente batateiro.

É preciso pensar as três dimensões do homem

Texto: Alexandre Takara

Excelente iniciativa, vista ideologicamente pelo prefeito Orlando Morando, de São Bernardo, gerou polêmica e obriga os animadores culturais a assumir uma posição. Ele pretende dar outra destinação ao prédio porque visa a preservar o presidente Lula. O ministro da Cultura demissionário, Roberto Freire, do PPS, declara não ser possível essa mudança posto que deve ser cumprido o determinado no projeto – o museu. A Prefeitura deixará de colaborar na instalação.

Estabelecido o impasse, elevam-se as vozes de cidadãos são-bernardenses, como de Nevino Antonio Rocco e desta página Memória. O equívoco de Orlando Morando é de associar o museu ao movimento sindical e a um partido político.

O Museu do Trabalho e do Trabalhador transcende essa concepção para ganhar dimensões simbólicas porquanto o homem vive em três dimensões – no mundo do trabalho, no mundo das práticas sociais (a política) e no mundo das representações simbólicas.

O senhor prefeito concebe o museu apenas nas duas primeiras. E o mundo das representações simbólicas? A abordagem do Sr. prefeito reduz a memória e a história do trabalho porque exclui o trabalho do escravo no Grande ABC, a economia rural em vigor durante séculos, a mão de obra de imigrantes italianos, os batateiros, os marceneiros e um sem número de outras atividades econômicas.

O museu não abrigaria apenas a história do trabalhador, mas também a história do trabalho, envolvendo inclusive a história de muitos operários que se tornaram empresários, como Giacinto Tognato, operário da Tecelagem Ipiranguinha, de Santo André, que vai instalar a Tecelagem Tognato, em São Bernardo, e desenvolvida, depois, pelos filhos. Essa empresa vai abrigar milhares de operários.

João Basso trabalhou numa indústria em Jundiaí para aprender o ofício de marceneiro e, depois, instalar sua empresa em São Bernardo e gerar empregos. O que aconteceu, em São Bernardo, aconteceu também em Santo André e em São Caetano. O empresário é também um trabalhador.

A história do trabalho e do trabalhador vai ganhar novas dimensões com a política de intervenção do Estado na economia durante o Estado Novo (1937/1945), conduzido pelo presidente Getúlio Vargas e mais ainda durante a presidência de Juscelino Kubitschek (1956/1961) com a aplicação da teoria keynesiana, de intervenção do Estado na economia.

JK incentivou a indústria automobilística que foi instalada ao longo da Via Anchieta, em São Bernardo, e de autopeças nos municípios da Grande São Paulo. O mundo do trabalho e do trabalhador ganha importância decisiva, de modo a enfraquecer a ditadura militar (1964/1985).

Fortaleceu-se o movimento sindical e fundou-se o PT, mas isso não justifica o abandono do projeto do Museu do Trabalho e do Trabalhador.

Em 25 de maio de...

1917 – Um raid de resistência é feito entre atiradores do Tiro de Guerra de São Bernardo residentes na Capital. Destacam-se: o 1º sargento Antonio Giusti Junior e o 2º sargento Heitor C. da S. Braga. A pé, os dois fizeram o percurso de São Paulo a Santo André, via São Bernardo, de 23 quilômetros, em três horas e cinco minutos.

A guerra. Do noticiário do Estadão: a revogação da neutralidade brasileira e a cooperação do Brasil com os Estados Unidos.

1977 – Requer concordata a concessionária Chevrolet Baralt, de São Bernardo.

Diário há 30 anos

Domingo, 24 de maio de 1987 – ano 30, edição nº 6450

Grande ABC – Especialistas reunidos na Câmara de São Bernardo, em debate, concluem: despoluição da Billings depende de vontade política.

Internacional – Estados Unidos comemoram bicentenário da Constituição.

Saúde – Aids muda hábitos de manicures. Reportagem: Maria do Socorro Diogo.

São Caetano – Cortiços com tendência à extinção por falta de áreas. Reportagem: Vanilda Sant’Anna.

Inventário Histórico – No décimo levantamento, Diário focaliza 75 bens em São Bernardo, entre os quais: Restaurante Marabá, salão da Sociedade Ítalo-Brasileira de Beneficência, casa dos Lima na Rua Américo Brasiliense e antiga residência dos Dusi na Rua Jurubatuba.

Nota – Os quatro bens acima não existem mais.

Comportamento – Casais mudam o ambiente do jogo de sinuca: é a sinuca unissex. Reportagem: José Marqueiz.

Santos do Dia

Gregório VII n Beda Venerável

Maria Madalena de Pazzi

Municípios Brasileiros

Celebram aniversários em 25 de maio:

Na Bahia, Camamu e Canavieiras.

No Ceará, Catarina.

Na Paraíba, Catolé do Rocha.

Fonte: IBGE

Hoje

Dia da Costureira

Dia da Indústria

Dia Nacional da Adoção

Dia da África

Dia do Massagista

Mario Romano foi massagista durante 50 anos. Prestou serviços em clubes de futebol amador e profissional do Grande ABC. Participou dos Jogos Abertos do Interior e dos Jogos do Litoral, por São Caetano. Foi massagista da seleção paulista e Seleção Brasileira de basquetebol masculino e feminino. Por último, prestou serviços à equipe de futebol da Rádio Bandeirantes, por mais de dez anos. Faleceu em 2002, aos 80 anos




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