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Serviços são vilões da inflação no trimestre
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
07/04/2011 | 07:11
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O custo de vida às famílias da Capital se elevou em 2,62% no acumulado do primeiro trimestre. O ICV (Índice do Custo de Vida) do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), divulgado ontem, revelou que em março a inflação era de 0,91% - 0,50 ponto percentual a mais do que em fevereiro.

 

O vilão da alta nos preços foi o setor de serviços. Acumulou alta de 3,02% no primeiro trimestre. Os bens inflaram 2,26% no período.

 

A categoria de transportes, em serviços, representou a maior elevação: 6,30% no acumulado de 2011. Somente as tarifas encareceram 9,68% no período.

 

O item ainda sofreu reajuste elevado no último mês, de 2,34%, motivado pela puxada de preços na subcategoria individual. Tudo devido ao aumento dos combustíveis - que fazem parte dos bens - com alta de 5,20% em março contra fevereiro. No acumulado do ano, já soma 7,89%. O etanol subiu 10,20% no último mês.

 

Segundo a coordenadora da pesquisa do ICV-Dieese, Cornélia Nogueira Porto, os combustíveis devem sofrer abatimento de preços, devido à nova safra de cana-de-açúcar. "Os preços estão muito altos. Com os carros flex, as pessoas migraram para a gasolina, por conta do custo abusivo com álcool, que vem perdendo mercado", analisou ela.

 

A coordenadora ressaltou que não há motivos, no entanto, para que a gasolina fique mais cara.

 

Por conta dos reajustes no transporte individual, março pesou mais nas finanças de famílias que têm renda mensal mais elevada, de R$ 2.792,90 em média, e que dispõem de carros.

 

Somado aos transportes, incrementos nos valores da habitação e alimentação - de 1,10% e 0,80%, respectivamente - formaram o grupo mais inflacionado do último mês. O estudo indicou que a tríplice - transportes, habitação e alimentação - representa 67,6% de tudo aquilo que as famílias gastaram no período.

Outros itens, como cigarros, também encareceram acima da média geral do trimestre (veja arte ao lado).

 

REGIÃO - No Grande ABC não é diferente. O economista do Departamento de Indicadores Econômicos da Prefeitura de Santo André, Sandro Maskio, ressaltou que todas as margens do ICV da Capital correspondem de forma muito próxima com a inflação da região. "Transportes e combustíveis, como o álcool, sofrem altas recorrentes em início de ano, que acabam elevando os preços de alguns serviços", pontuou. Além disso, listou o encarecimento das mensalidades escolares como pressionadores da inflação de 2011 na região.

 

Cornélia frisou que os medicamentos vão pesar mais no bolso do consumidor a partir deste mês. Esses produtos deverão sofrer correções de 5% a 6%. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou os reajustes no mês passado.

 

Outra justificativa para a inflação é que profissionais liberais, como cabeleireiros, barbeiros, dentistas e médicos por exemplo, acabam praticando valores mais altos com base na escalada de preços no início de ano, que são recorrentes no período. "Eles pensam: ‘já que está tudo muito caro, vou subir os preços também', o que ajuda a explicar", alerta Cornélia.

Após essas altas de preços, ela aponta estabilização da inflação até junho. Fase que será possível medir com mais precisão os custos para as famílias, devido à finalização dos balanços que envolvem despesas com IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano).




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