Esportes Titulo Perspectiva 2011
Mano terá ano de afirmação na seleção

Numa temporada com amistosos contra rivais tradicionais, o
treinador terá desafio de consolidar posição de comandante

30/12/2010 | 07:46
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A fase de transição já acabou. Para Mano Menezes, 2011 será um ano de afirmação como técnico da seleção brasileira. Numa temporada com amistosos contra rivais tradicionais como França e Alemanha e, principalmente, com uma Copa América na Argentina, ele terá o desafio de consolidar a posição de comandante capaz de levar o Brasil ao título da Copa do Mundo de 2014.

Mano Menezes assumiu o comando da seleção no final de julho, logo depois do fracasso com Dunga na Copa do Mundo na África do Sul. Ele não era a primeira opção do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, para o cargo. Mas acabou sendo o escolhido após a recusa de Muricy Ramalho, que não quis romper o contrato e preferiu ficar no Fluminense.

Com 48 anos, Mano admitiu que a oportunidade na seleção chegou antes do que ele próprio esperava. Depois de uma carreira sem muito sucesso como zagueiro, virou treinador em 1992, passando os primeiros cinco anos nas categorias de base. Seu nome ganhou projeção nacional a partir de 2005, quando assumiu o Grêmio. Na sequência, teve passagem vitoriosa pelo Corinthians.

Mas o maior desafio da carreira de Mano chegou em julho deste ano, quando aceitou o convite da CBF. Naquele momento, a seleção brasileira estava fragilizada após a eliminação nas quartas de final do Mundial. E o novo treinador precisava começar uma renovação, abrindo espaço para jovens jogadores que atuam no Brasil. "Em relação à equipe base da última Copa, mudamos 10 jogadores", lembrou.

Até agora, Mano disputou quatro amistosos no comando da seleção. Venceu Estados Unidos (2 a 0), Irã (3 a 0) e Ucrânia (2 a 0), mas perdeu o clássico com a Argentina (1 a 0). Além disso, quando a CBF não conseguiu encontrar adversários, ele reuniu os jogadores do grupo apenas para um período de treinos em Barcelona, na Espanha, durante a primeira semana de setembro.

"Iniciamos uma renovação bem considerável. Fizemos essa primeira etapa em 2010 e vamos iniciar outra no ano que vem. Dessa forma, vamos preparando a equipe", explicou Mano, feliz com o que foi feito e conquistado até agora, em cinco meses de trabalho no cargo. "O saldo é bastante positivo, tenho certeza disso. Estamos no caminho certo em relação à nova seleção brasileira."

NOVA FILOSOFIA - Aos poucos, Mano tenta implantar seu método de trabalho. Dentro de campo, vem escalando um time mais ofensivo, que gosta de tocar a bola e pressionar o adversário - bem diferente da característica que a seleção tinha na época de Dunga. Assim, abriu espaço para nomes como os jovens Paulo Henrique Ganso, Neymar e Alexandre Pato, que viraram titulares.

Fora de campo, Mano também promove mudanças. Junto com o seu auxiliar Sidnei Lobo, ele tem sido presença frequente nos estádios para acompanhar os jogos do futebol brasileiro. Além disso, passou uns dias na Europa, para conversar com os principais jogadores do Brasil que atuam em clubes europeus, o que lhe deu, entre outras coisas, a convicção para convocar Ronaldinho Gaúcho.

Outra novidade que Mano tenta implantar é o intercâmbio entre os treinadores do futebol brasileiro. "Temos que propor seminários para a troca de informações. Eu, por exemplo, nunca conversei com o Zagallo sobre futebol. Isso é um absurdo. Temos que conversar, que ouvi-lo. Temos que tirar essa presunção de que sabemos tudo", defendeu ele, durante recente palestra realizada no Rio.

Mano ainda tenta uniformizar o estilo de jogo da seleção brasileira. Para isso, conta com a ajuda do técnico Ney Franco, contratado para ser o coordenador das categorias de base da CBF. "A ideia é definir uma forma de jogar como o Mano entende que o Brasil deve jogar e aplicar a metodologia de trabalho desde o time Sub-15 até o principal", revelou Ney Franco.

DESAFIOS - Passada a fase de transição e de implantação de uma nova filosofia, Mano terá um ano atribulado em 2011. Para começar, promete acompanhar de perto a seleção Sub-20, que disputa o Campeonato Sul-Americano no Peru, entre os dias 16 de janeiro e 12 de fevereiro - a competição vale duas vagas na Olimpíada de Londres e quatro no Mundial da categoria.

O técnico da seleção Sub-20 é Ney Franco, mas Mano promete acompanhar a disputa do Sul-Americano atentamente. Mesmo porque, aponta as categorias de base como o futuro da equipe principal do Brasil. "O trabalho que é feito na base precisa terminar na seleção principal", afirmou o treinador. "As observações não param nunca. E isso vai continuar acontecendo."

Mas os desafios de Mano com a seleção em 2011 começam mesmo no dia 9 de fevereiro, quando acontece o jogo contra a França, no Stade de France, nos arredores de Paris. Por enquanto, o Brasil já tem mais dois amistosos agendados: em 4 de junho, recebe a Holanda numa cidade brasileira, ainda a ser definida; e em 10 de agosto, vai a Stuttgart para enfrentar a Alemanha.

Apesar dos adversários complicados nos amistosos, o maior desafio da seleção em 2011 é a Copa América. A competição acontecerá entre os dias 1º e 24 de julho, na Argentina. Na primeira fase, o Brasil jogará contra Paraguai, Equador e Venezuela. Mas o principal problema parece mesmo os anfitriões argentinos, que não querem deixar a chance de conquistar o título em casa.

Mano tenta diminuir a pressão. "Na Copa América, só uma equipe vai ganhar. Então, o trabalho dos outros todos vai ficar em xeque", avisou o treinador. Mas ele sabe da importância da competição na Argentina, tanto para a sua afirmação no cargo quanto para a continuidade da renovação que tem feito na seleção "A perspectiva é de termos uma equipe forte, brigando pelo título."

Diante disso tudo, o ano de 2011 representará um passo muito importante e até decisivo para o futuro de Mano na seleção. Mesmo porque, o objetivo principal é conquistar o título mundial em 2014, diante da torcida brasileira. "A minha parte (na preparação para a Copa no Brasil) é formar uma seleção forte, que vai brigar pelo título", disse o treinador, consciente de sua enorme responsabilidade.

 




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