Internacional Titulo Política
Ameaça de cúpula africana deixa clima tenso na Costa do Marfim
Da AFP
25/12/2010 | 15:20
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A Costa do Marfim vive um Natal marcado pela tensão nestebado, depois que líderes africanos ameaçaram recorrer ao uso da força para tirar o atual presidente Laurent Gbagbo do poder e entregá-lo a Alassane Ouattara, vencedor das eleições de 28 de novembro.

Arraigados rivais políticos, Gbagbo e Ouattara disputam o poder por quase um mês, depois que ambos declararam-se vencedores do pleito presidencial. As crescentes pressões internacionais, no entanto, levaram a crise política a um ponto de definição.

O Natal foi marcado pela decepção dos marfilenhos, esperançosos de que as eleições encerrassem uma crise política sangrenta que já dura oito anos. Ao invés disso, viram-se envolvidos em um acirramento da violência, mais uma vez à beira da guerra civil.

Segundo a ONU, 173 pessoas foram mortas entre 16 e 21 de dezembro.

As potências mundiais reconheceram a vitória de Ouattara nas urnas e condenaram a violência, mas Gbagbo agarrou-se ao poder e mobilizou suas forças de segurança para impedir que o rival tomasse posse, dispersando protestos com violência e isolando a sede de campanha de Ouattara, em um hotel da capital.

Gbagbo ignorou as críticas da comunidade internacional e as sanções anunciadas por ONU, Estados Unidos, França e União Europeia, mas agora seus colegas africanos ameaçam intervir para retirá-lo à força do palácio presidencial.

Além disso, o Banco Central dos Estados da África Ocidental excluiu o atual presidente da administração das contas do país, entregando esta função a Ouattara.

Reunida na sexta-feira na capital nigeriana, a CEDEAO (Comunidade Econômica de Estados de África do Oeste), que inclui 15 países, decidiu enviar uma última missão diplomática de alto nível à Costa do Marfim para tentar negociar a resignação pacífica de Laurent Gbagbo, ameaçando processar os responsáveis pela onda de violência que aterrorizou o país depois das eleições.

Em um comunicado divulgado após o fim da cúpula, a CEDEAO declara que, diante da resistência de Gbagbo, "a comunidade não terá alternativa a não ser tomar outras medidas, incluindo o uso legítimo da força, para alcançar os objetivos do povo marfilenho".

O bloco informou que uma reunião entre chefes militares de seus países membros será marcada para definir a estratégia de futuras ações.

No Vaticano, o papa Bento XVI icluiu a Costa do Marfim em uma lista de países necessitados de intervenção divina.

"Que o nascimento de nosso Salvador abra os horizontes da paz duradoura e do progresso real", disse o pontífice neste sábado, em sua bênção "Urbi et Orbi".

Gbagbo ainda não reagiu publicamente à ameaça de intervenção militar por parte da CEDEAO, mas a decisão do Banco Central africano provocou a ira de seu governo, para quem a medida é "ilegal e não pertence à competência da União Monetária da África Ocidental".




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