Menos de 24 horas após a eleição de José de Araújo (PMDB) à presidência da Câmara de Santo André, o que restou da então chapa situacionista encabeçada por Ailton Lima (PDT), intitulada de G5, soltou o verbo contra os cinco "traidores" que os abandonaram, e o secretário de Gabinete, Nilson Bonome, que teria imposto a candidatura do peemedebista à base.

O alvo preferido de Lima, Bahia (DEM), Gilberto do Primavera (PTB) e Donizeti Pereira (PV) - completa o grupo Israel Zekcer (PTB) - foi o líder tucano Paulinho Serra, acusado de "roer a corda" da chapa para negociar apoio a Almir Cicote (PSB), que se alinhou com o PT (único de oposição).

O grupo reiterou compromisso firmado com os tucanos Marcelo Chehade e Marcos Cortez (além de Serra), com José Ricardo (PSB) e Toninho de Jesus (DEM), vereadores que abdicaram de Lima para votar em Cicote ou em Araújo.

"Tivemos reunião no escritório do Paulinho na terça-feira. Ficou fechado os dez nomes pró-Ailton", revelou Pereira.

"Paulinho deve desculpas para nós", cobra Bahia, ao observar que o tucano deixou o plenário apenas quando percebeu que Cicote não tinha mais chances de vitória. O placar apontou 11 a 9 para Araújo, sem o voto de Serra, que alegou não se sentir confortável em votar. "Isso é dissimulação", atenta Lima.

"O ser humano tem de ter honra e vergonha na cara", ressaltou Primavera, salientando o porquê de o G5 no fim votar em Araújo. "Para não dar a m... maior do Cicote ganhar com o PT."

Com a iminente vitória de Cicote, a base se reestruturou. Araújo, rejeitado pela maioria dos situacionistas por ter articulado chapa com o PT (que depois o abandonou), se recusou a votar em Lima, que se viu obrigado a abrir mão da presidência em favor do vitorioso para que a mesa diretora permanecesse com a base.

Paulinho Serra rebateu as declarações. "Em processo malconduzido, com enganação inclusive do governo com o Ailton, não se pode falar em traição. Ninguém tem moral para isso", avalia, ao considerar que a entrevista do G5 foi a serviço do governo. "A maior prova de que foi encomendada é que um assessor da Prefeitura acompanhou."

Já Bonome defendeu-se dizendo que a chapa de Ailton tinha sim o apoio do governo, mas diante da recusa de Araújo teve de articular de outra forma para que o Executivo saísse vitorioso. "O Araújo dizer que não votaria no Ailton foi o que mais me chateou."

Bonome anuncia Pereira líder, mas verde nega convite

Após "cumprir seu papel" e garantir a vitória da base governista com a eleição de José de Araújo (PMDB), o secretário Nilson Bonome anunciou o novo líder do governo do prefeito Aidan Ravin (PTB) na Câmara. Neste ano a função foi exercida pelo peemedebista, e, após o resultado da corrida à presidência da Casa, automaticamente ficou em aberto.

"O novo líder será o Donizeti Pereira (PV), se ele aceitar o desafio", informou o homem-forte do Executivo. Questionado se já havia convidado o verde a assumir o posto, emendou. "Já tivemos conversas prévias."

No entanto, Donizeti afirma não ter sido convidado. "Não foi feito convite, apenas uma brincadeira de corredor há 15 dias", informou, ao estranhar a declaração de Bonome. "Ele sempre me chama de líder do fogo-amigo."

O verde, contudo, não descartou assumir a função, mas ponderou que as tumultuadas articulações para a presidência da Câmara podem pesar de maneira negativa. "Diante do show de horrores de ontem (quinta), tenho de avaliar bem, saber como está essa base governista... Se for só para administrar problemas, já tenho dois filhos pequenos em casa", pontuou, ressaltando que a decisão só será tomada em fevereiro.

Ailton Lima, por sua vez, diz que foi convidado por Bonome a assumir o posto, mas que prontamente rejeitou. "Acho que ele se esqueceu que havia me dito que gostaria que o Donizeti fosse o líder."

Desde que Aidan assumiu o Paço, o governo teve como líder, além de Araújo, Marcelo Chehade (PSDB). (Mark Ribeiro)