O ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, admitiu ontem que o salário-mínimo no próximo ano poderá ir além dos R$ 540 propostos pelo Executivo.

Segundo legislação em vigor até 2023, o mínimo deve ser ajustado pelo índice de inflação dos últimos 12 meses (projeção), mais o percentual de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos atrás (último indicador de crescimento disponível).

Se a regra for aplicada, o Ministério do Planejamento calcula que o ajuste deveria ser de 5,3% (inflação de 2010, conforme nova projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e o valor do mínimo, hoje em R$ 510, subiria para R$ 536,88. Como em 2009 o PIB caiu 0,2%, por causa da crise econômica internacional, não há percentual de acréscimo para que o mínimo tenha ganho real.

 "O governo reconhece que a crise não foi provocada pelos trabalhadores", disse o ministro. "O espírito da política é ter a cada ano um reajuste. Temos que continuar dando aumento real sem cometer irresponsabilidade."

Dulci assinalou que a política de reajuste do mínimo garantiu ganho real de 60% durante o governo Lula. Segundo ele, a regra foi criada porque o governo aceitou a proposta das centrais sindicais em mesa de diálogo.