A Bolsa de Valores é considerada investimento apropriado para consumidores que desejam acumular recursos pensando em ter renda durante a aposentadoria. Para isso, as economias devem despender entre 10% e 20% do salário anual do trabalhador, orienta o gerente do INI (Instituto Nacional de Investidores), Paulo Portinho. E o 13º salário representa boa parte deste percentual a ser aplicado.

O salário anual é a soma de todos os ordenados ganhos durante o ano. Esta conta inclui o 13º, 14º, participação nos lucros, bônus, comissões e outras receitas extras. "No Brasil, as pessoas normalmente entendem que o salário deve ser visto como mensal. Mas em todos os países são calculados anualmente", afirma Portinho.

Portanto, um trabalhador com renda mensal bruta de R$ 1.500, 13º com o mesmo valor e participação nos ganhos da empresa por ano de R$ 1.000, teria salário anual de R$ 20.500.

Com isso, os investimentos anuais na Bolsa de Valores deste empregado deveriam começar entre R$ 2.050 e R$ 4.100. "E normalmente o 13º salário representa quase 8% do valor total ganho de salário em um ano", avalia Portinho.

Na ponta do lápis, com desconto médio de 20% dos tributos, o trabalhador teria que acrescentar mais R$ 850, no ano, para chegar aos 10% do salário anual.

Dividindo o valor complementar por doze meses, a aplicação mensal necessária seria de R$ 71, além do 13º.

"Poupar é evitar o consumo. É salvar o dinheiro. Qualquer tipo de aplicação é investimento, a não ser em moeda ou colocar embaixo do colchão", brinca Portinho.

Os percentuais devem ser mantidos durante os 20 anos. Porém, o valor, provavelmente, será diferente a cada ano. Isso porque os salários terão reajustes anuais.

Patrimônio pode acumular quatro vezes a aplicação

Seguindo corretamente a aplicação, sem superar 10% do salário anual, o investidor pode, após 20 anos, alcançar patrimônio quatro vezes maior do que foi investido.

A Caderneta de Poupança tem valorização anual média de 6% e é considerada como o investimento mais conservador do País. E o trabalhador com salário atual de R$ 1.500, aplicando os 10% do salário anual nesta modalidade, durante vinte anos, acumularia cerca de R$ 80 mil. O valor desconsidera qualquer tipo de reajuste salarial.

Considerando retorno tímido de 12% ao ano na Bolsa, as economias do aplicador ultrapassariam os R$ 160 mil. "Em 20 anos, o patrimônio acumulado seria suficiente para se manter na aposentadoria", diz o gerente do INI, Paulo Portinho. No entanto, ele destaca que o período mínimo sem mexer no dinheiro investido em ações deve ser de cinco anos.