No entorno da arte de Paulinho Moska há sempre algo que gravita se opondo às ordens originais de pesos e medidas.

"Tem uma questão de dualidade muito característica na minha obra. Cheio do vazio, tudo e nada, tudo novo de novo, essas expressões que funcionam como sinuca de bico, cuja resposta a gente demora para pensar", conta o cantor e compositor, que na linha das dificuldades conceituais, traz a mais recente delas para apresentar em São Paulo, amanhã no Boubon Street, com o lançamento do show Muito Pouco, baseado em seu último disco.

"Me vejo cada vez mais como um artista pluralista. Não sou cantor, músico, poeta, apresentador de TV, jornalista ou ator. Sou compositor na medida que compor é juntar coisas. Junto música com fotografia, televisão, rádio, poesia, teatro e cinema e faço alguma coisa. Tendo a ficar cada vez menos músico ou mais tudo. É isso que é Muito Pouco", explica o artista.

Digressões à parte, o espetáculo traz a melhor forma destes opostos. No disco duplo, um de nome Muito e o outro, Pouco, Moska brinca com os conceitos. O primeiro vem incorpado, num ritmo de rock suave e gostoso, sugerindo a festa. O outro, com a mesma qualidade, traz silêncio, uma aura folk - mas que preserva um acento brasileiro e as boas composições, jogos de palavras característicos de seu trabalho.

"O show traz a minha interpretação teatral, fotos e vídeos ‘linkados' com o assunto, elementos que dão um tom sensorial, uma outra cor ao espetáculo."

Um acontecimento, um big-bang sobre o vazio do palco, é a busca. "O show é delicado, nem barulhento nem silencioso. A meta da noite é encontrar o intervalo entre o muito e o pouco. Entre o tique e o taque do relógio existe um instante. Ele não é contado, mas existe, e é atrás dele que nós vamos."

SERVICO
Paulinho Moska -Show. No Bourbon Street - Rua dos Chanés, 127, São Paulo. Tel.: 5095-6100. Amanhã, às 23h. Ingr.: R$ 60.