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São-bernardense escapa de explosões em Boston

Médico cruza linha de chegada da maratona nos EUA apenas
cinco minutos antes dos atentados, que deixaram três mortos

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
16/04/2013 | 07:20
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Cinco minutos. Esse foi o tempo que separou o médico de São Bernardo Ruy Ferreira Iacoponi Júnior, 54 anos, das explosões que surpreenderam os corredores no fim da Maratona de Boston, ontem, nos Estados Unidos. Sem saber o que estava acontecendo, o morador da região contou que viveu momentos de apreensão em atentado que matou três pessoas e deixou outras 141 feridas, sendo 17 em estado grave.

"Tive problema muscular no posterior da coxa e terminei a corrida com tempo bem inferior ao que planejava. Cruzei a linha de chegada e diminui o ritmo. Quando houve a primeira explosão, na hora pensei que fosse um morteiro. Continuei caminhando lentamente e instantes depois veio a segunda bomba. Foi então que se instalou o pânico no local e todo mundo começou a correr sem direção. Foi terrível", afirmou o médico em entrevista exclusiva ao Diário.

Ruy ainda conseguiu retirar os seus pertences no ônibus que servia de guarda-volume antes de se dirigir rapidamente ao hotel onde está hospedado, que fica a cerca de 1,3 quilômetro da linha de chegada da maratona. "Vim para o hotel e o que vi nas ruas foram muitas pessoas conversando ao celular, em diversos idiomas, tentando passar notícias aos familiares. Ninguém sabia direito o que estava acontecendo, mas todo mundo estava apreensivo, em pânico e com bastante medo", observou o cardiologista.

Desde que entrou no quarto do hotel, Ruy não saiu mais. "Estou seguindo as orientações tanto do pessoal do hotel como das principais redes de TV dos Estados Unidos, que pedem para que ninguém circule nas ruas. Por enquanto estou comendo apenas os alimentos que vieram no kit que recebi logo após a corrida, vamos ver se amanhã (hoje) as coisas estarão mais tranquilas", comentou o médico, com volta ao Brasil marcada para quinta-feira.

Essa foi a 13ª maratona completada pelo corredor, que começou a praticar a modalidade há 14 anos. Ele relata que jamais viveu alguma coisa parecida. "Já rodei o mundo para competir e nunca pensei que vivenciaria alguma coisa deste tipo", ressaltou Iacoponi, que mais calmo chegou a brincar com a situação. "Quando explodiu a segunda bomba tive que correr mais rápido do que nunca. Dei um pique como se fosse uma prova de 100 metros", completou.

A maratona, considerada a mais antiga e tradicional competição do gênero no mundo, foi disputada pela 117ª vez em feriado na cidade de Boston. Além de 26.839 corredores, tinham muitos torcedores por se tratar da reta final da prova.

Os vencedores tanto no masculino como no feminino passaram longe do acidente, já que haviam completado os 42 quilômetros da prova duas horas antes das explosões.

Entre as mulheres, a vencedora foi a atleta do Quênia Rita Jeptoo, com 2h26min24s. Meseret Hailu (Etiópia) e Sharon Cherop (Quênia) com 2h26min58s e 2h27min01s foram segunda e terceira. Já a prova masculina ficou com Lelisa Desisa, da Etiópia, com o tempo de 2h10min22s. O segundo foi de Micah Kogo (Quênia), enquanto Gebregziabher Gebremariam (Etiópia) foi o terceiro, com os tempos de 2h10min27s e 2h10min28s.

JOGO ADIADO - Além da maratona, as explosões causaram problemas em outras modalidades. Os organizadores da NHL, a liga profissional de hóquei no gelo, resolveram adiar a partida entre Boston Bruins e Ottawa Senators, no TD Garden, à noite.

"O jogo foi adiado. Nossos pensamentos estão com você, Boston. Gostaríamos de expressar nossa compaixão com todos afetados pelos trágicos eventos que ocorreram em Boston nesta tarde (ontem)", argumentou a NHL por meio de seu Twitter oficial.


Ex-integrante do corpo médico, paulista fala em caos

Nos cinco últimos anos, o fisioterapeuta esportivo de São Paulo David Homsi participou da Maratona de Boston como integrante do departamento médico. Neste ano, no entanto, ele queria algo diferente e decidiu participar da corrida. E 15 minutos depois que ele passou pela linha de chegada, escutou as explosões.

"Terminei a prova em três horas e 54 minutos. Estava na dispersão, pegando a medalha quando tudo aconteceu", disse em entrevista ao Diário. "Há cinco anos venho para cá como parte do departamento médico. Faço estágio acompanhando os atendimentos da prova e neste ano corri. Não sei se foi bom ou ruim estar fora", destacou Homsi, que em 2012 auxiliou no atendimento das mais de 2.100 pessoas por causa do forte calor.

Após o ocorrido ontem, o fisioterapeuta disse que o cenário foi de caos. "A orientação foi para todo mundo ir para o hotel ou para casa. Há muita polícia, por todos os lados. A cidade está em alerta." (Dérek Bittencourt)




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