Política Titulo Nervosismo
Batoré xinga homem-
forte de Oswaldo Dias

Vereador de Mauá se irrita com interferência de José Luiz
Cassimiro na Câmara, mas consegue se livrar de cassação

Mark Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
14/12/2011 | 07:53
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O vereador de Mauá Ivan Gomes, o Batoré (PP), extravasou ontem os seus sentimentos contra o secretário de Governo, José Luiz Cassimiro (PT), homem-forte da administração Oswaldo Dias (PT) e responsável pela articulação entre Executivo e Legislativo. Irritado com a interferência do petista nos trabalhos da Câmara, o progressista deu forte tapa na mesa da presidência (onde estava Cassimiro) e emendou palavrão contra o titular da Pasta.

O ato ocorreu durante interrupção na última sessão do ano, provocada justamente pela chegada do secretário, que tentou convencer a base de sustentação a colocar em votação seis projetos de lei enviados pela Prefeitura ao Parlamento instantes antes do xingamento - entre eles, um que autoriza a doação de seis terrenos (cinco no Jardim Kennedy e um na Vila Magini) para receber obras do Programa Minha Casa, Minha Vida.

Sem tempo para analisar as matérias, Batoré e o tucano Edimar da Reciclagem (respectivamente presidente e secretário da Comissão de Cultura da Câmara) se recusaram a emitir parecer.

"É uma falta de respeito. O Zé Luiz vem aqui fazer pressão psicológica, dizendo que temos de votar. Se eu quiser eu voto, se não quiser, não voto. Ele manda lá em cima (Prefeitura), aqui não", esbravejou o progressista, que integra a base governista. "Ele não tem de impor nada aqui. Não recebi 4.778 votos (na eleição de 2008) para uma pessoa chegar aqui e dizer o que tenho de fazer."

O tapa na mesa seguido do xingamento causaram perplexidade nos vereadores. Todos acompanharam a cena incrédulos e estáticos, enquanto Batoré retornava para a sua cadeira. Mesmo contrariado, José Luiz Cassimiro deixou o plenário sem comentar o assunto.

Diante do impasse, os seis projetos não foram incluídos na pauta de votação e a Câmara corre o risco de, a mando do prefeito, ter de levantar recesso na semana que vem para analisá-los.

QUEBRA DE DECORO
Pela ação, Batoré poderia ser alvo de processo de cassação do mandato por quebra de decoro parlamentar. O regimento interno do Legislativo versa, em seu artigo 66, que a Câmara poderá deflagrar o processo quando o vereador proceder de modo incompatível com a dignidade da Casa.

A possibilidade, contudo, foi descartada pelo presidente da Câmara, Rogério Santana (PT). Apesar de o fato ter ocorrido a centímetros de onde estava, o mandatário disse não ter ouvido o xingamento, que foi escutado até por quem estava nas extremidades do plenário.

"Só ouvi a onomatopeia criada pela mão batendo na mesa. Portanto, não houve quebra de decoro, apenas uma deselegância. Acho que não tem nada de anormal nesta situação", considerou o petista.

Na tribuna, Batoré se desculpou com os colegas, mas reforçou o ataque a Cassimiro. "O tapa tinha de ser dado na mesa dele e para quebrar as quatro pernas." Mais tarde, disse ter extravasado em virtude do "coronelismo" do secretário. "Tem político que coloca esse rótulo acima do de homem", concluiu.




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