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Inovar-Auto traz desafios à GM na região
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
16/04/2013 | 07:00
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Divulgação


O Inovar-Auto - programa do governo federal que vai exigir, das montadoras, a ampliação do volume de peças nacionais nos carros e investimentos em engenharia em contrapartida a incentivos fiscais para essas companhias - vai demandar mais ajustes na já apertada fábrica da General Motors em São Caetano. A empresa terá, com isso, novos desafios, afirmou a diretora de operações de manufatura da unidade fabril são-caetanense, Sonia Campos, durante evento da SAE Sociedade de Engenharia da Mobilidade, em São Paulo. "Estamos trabalhando para acelerar ainda mais a localização (a produção de peças no País)", assinala.

Duas áreas que deverão ter mais atualizações são a ferramentaria e estamparia, que ganharão equipamentos. Com isso, afirma a executiva, deve crescer o percentual de peças estampadas feitas no Brasil. O plano de investimentos da companhia para o próximo quinquênio (2013-2017) ainda não foi divulgado. Segundo Sonia, com os projetos globais (modelos fabricados no Brasil e em outros países, como o Cruze), novos fornecedores internacionais manifestaram interesse em vir ao País.

MODIFICAÇÕES  - As mudanças que vão vir por causa do Inovar-Auto, no entanto, não devem superar em dificuldade os desafios enfrentados nos últimos dois anos para adaptar a fábrica para receber linhas de montagem de quatro novos projetos (Cruze Sedan, Cobalt, Cruze Sport e Spin) e, ao mesmo tempo, para a companhia implementar o terceiro turno (com a contratação de 1.500 funcionários) no município, em 2011. Atualmente, a fábrica conta com quadro de 7.000 empregados.

Como parte do plano de investir R$ 5 bilhões entre 2008 e 2012, a montadora fez diversas modificações na planta fabril, como a instalação de quatro estações de montagem (cada uma com oito robôs), e de mais 158 robôs para soldagem, duas novas prensas e automação das existentes, e a construção de 16 mil m² de expansão predial. As mudanças tiveram de ser adotadas de forma que não fosse preciso parar a fabricação. Sonia ilustrou isso com vídeo em que operários montam um avião em pleno voo. A ideia foi mostrar algo que ocorreu quando o Vectra e o Astra pararam de ser fabricados: houve treinamento para familiarizar os empregados com os novos produtos, mas a mudança foi rápida. Os trabalhadores foram para casa em uma sexta-feira, ao fim do expediente, e, na segunda, já encontraram outra linha de montagem no mesmo local.

Os desafios foram grandes também pela limitação do espaço. Em terreno de 290 mil m², a unidade fabril ocupa 254 mil m² de área construída. Fora isso, em frente à fábrica passa a principal avenida da cidade, a Goiás, o que exige atenção redobrada em relação à logística - a empresa recebe hoje diariamente 1.000 caminhões.

A planta tem outros números expressivos: produz 1.100 carros por dia, de seis modelos (no portfólio, há também a Montana e o Classic), que demandam 10 mil tipos de peças diferentes, dos quais 54% são importadas atualmente. Por dia, as linhas de montagem consomem 1,1 milhão de componentes.

Programa será mais um instrumento de incentivo à inovação

Para executivos da área de autopeças, o Inovar-Auto trará oportunidades de negócios, ao estabelecer que as montadoras invistam percentual de seu faturamento em engenharia e em pesquisa e desenvolvimento. Segundo o gerente de engenharia avançada da Delphi, Antônio Rosati, será mais um instrumento de incentivo à inovação tecnológica, além da Lei do Bem - que possibilita que empresas que invistam em produtos ou processos inovadores tenham benefício fiscal.

"Por causa das metas de eficiência energética, o programa também deve antecipar tendências, como o uso de injeção direta de combustíveis", diz o gerente de manufatura da Bosch, Ricardo Rocha e Silva. No entanto, as pequenas indústrias deverão seguir com problemas de competitividade. "Fornecedores com presença internacional terão vantagem, por causa dos projetos globais das montadoras", acrescenta Silva. "Nossos custos (de insumos, carga tributária, encargos etc) precisam ser competitivos", diz Gábor Deák, conselheiro da SAE.

 

 




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