Economia Titulo Perspectiva
Indústria crescerá só 0,9% em 2011

Depois de alta de 10% no ano passado,
medidas para esfriar economia refletiram no setor

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
14/12/2011 | 07:30
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O País marcou o passo, perdendo a oportunidade de avançar em 2011. É o que afirma o presidente da Federação da Indústria do Estado de São Paulo, Paulo Skaf, ao falar sobre o desempenho das fabricantes no Brasil. Sem incluir a área extrativa mineral e a construção civil, o setor industrial brasileiro (conhecido como indústria da transformação) fechará o ano com crescimento de apenas 0,9% frente a 2010, depois de alta de 10% no ano passado, de acordo com dados divulgados ontem pela Fiesp.

O ritmo lento, segundo Skaf, é culpa do próprio governo federal, que esfriou a economia brasileira com aumentos de juros e outras medidas do Banco Central para conter o consumo, desde dezembro. "Agora o governo baixou os juros (a taxa básica), mas sabemos que os efeitos dessas medidas levam seis meses para serem sentidos", diz.

Faltou ainda enfrentar entraves que limitam a competitividade da indústria nacional, como os custos de energia elevados, o câmbio desvantajoso para exportar, o excesso de burocracia, altos tributos e ainda problemas de infraestrutura, afirma o dirigente. Em relação a esse último quesito, ele cita, por exemplo, o fato de os portos brasileiros operarem só das 8h às 17h, enquanto os principais portos no mundo funcionam 24 horas por dia.

No que se refere à taxa cambial, houve melhora nos últimos dois meses, com alta do dólar de cerca de 10% (foi de R$ 1,65 para R$ 1,80), mas o real permanece sobrevalorizado. Além disso, a volatilidade (altos e baixos) tem atrapalhado, pois as empresas não sabem que câmbio calcular, observa Skaf.

O diretor do departamento de pesquisa e estudos econômicos da Fiesp, Paulo Francini, acrescenta que com as oscilações as empresas ainda não contabilizaram esse novo patamar da moeda em suas decisões de investimento. No entanto, ele avalia que o ideal seria o dólar a R$ 2 ou R$ 2,20.

PREVISÕES - Francini projetou crescimento de 2,8% em 2011 para a trajetória do Produto Interno Bruto, ou seja, da soma das riquezas produzidas no País e alta de 2,6% em 2012.

Segundo o diretor, apesar de a expectativa para o ano que vem estar abaixo do que foi projetado inicialmente pelo governo (4,5%), esse crescimento de 2,6% pode não ser tão ruim, considerando o cenário internacional de dificuldades na Europa e nos Estados Unidos.

Entretanto, Skaf afirma que o País precisa enfrentar os problemas que limitam a competitividade. "O governo tem maioria no Senado e na Câmara, tem facilidade para pressionar o Congresso para que as coisas aconteçam", diz.

 

Desaquecimento da demanda impacta no setor automotivo

Indústrias do Grande ABC ligadas ao segmento automotivo sentem as dificuldades causadas pelo desaquecimento da demanda e da forte entrada de importados no País, por causa do câmbio favorável às compras de itens no Exterior.

Por causa desses fatores, a produção de carros no País deve crescer apenas 1,1% neste ano, enquanto as vendas do setor tendem a subir 3,3%, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores.

O empresário Claudio Armidoro, que é do ramo de autopeças e diretor da regional do Centro das Indústrias no Estado de São Paulo, cita que, por causa da demanda retraída no segundo semestre, foi obrigado a dispensar pessoal em sua fábrica.

O movimento de cortes, que já ocorre em outras indústrias na região, pode crescer. "As empresas estão segurando as demissões e dando férias coletivas", cita, por sua vez, o presidente do Sindicato da Indústria de Artefatos de Borracha no Estado de São Paulo, Edgar Solano.




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