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Empate consolida
degola do Azulão

São Caetano passa de postulante ao G-8, com vários reforços
de peso, a time rebaixado à Série A-2 do Campeonato Paulista

Thiago Bassan
Enviado a Penápolis
14/04/2013 | 07:01
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Segunda pior defesa do Campeonato Paulista com 33 gols tomados (só perde para o Guarani, que levou 34). Duas vitórias em 18 jogos disputados. Apenas 18 gols marcados no torneio mesmo com um ataque formado por Rivaldo, Jobson, Jael, Danielzinho, Eduardo, Nei Paraíba, Vandinho e Geovane. Definitivamente, a campanha do São Caetano no Estadual foi uma das piores já realizadas pelo clube nos últimos anos.

Desta maneira, o final da história não poderia ser diferente: o empate por 1 a 1 com o Penapolense, ontem à tarde, no Interior, decretou - após 13 anos na elite - o rebaixamento do time para a Série A-2 do Paulista, torneio que o clube conquistou em 2000. Era uma tragédia anunciada antes mesmo de a bola rolar em Penápolis.

O time que começou a competição apontado como uma das principais forças, tendo em seu elenco peças como o pentacampeão Rivaldo, o goleiro Fábio Costa e o polêmico atacante Jobson, entre outros jogadores que vieram de boa campanha em 2012, quando o clube quase conseguiu o acesso para a elite do futebol nacional, foi despencando a cada rodada.

Mas, no decorrer da competição, o favorito a uma das oito vagas à segunda fase foi dando espaço a um grupo que tinha problemas dentro de campo. Os resultados não apareciam e fora das quatro linhas os boatos de um elenco rachado vinham à tona constantemente.

Outros problemas extracampo, como os ocorridos com o atacante Jobson, detido pela polícia após discussão com a ex-mulher e, posteriormente, por ter permitido que um menor dirigisse seu veículo, além da até agora não explicada saída de Rivaldo da concentração do time antes da partida contra o Santos, serviram para tumultuar ainda mais um ambiente que já era conturbado.

As constantes trocas de técnico também contribuíram para tal fim trágico. Ailton Silva, herói da campanha de 2012, deu lugar a Geninho, que não conseguiu nenhuma vitória em sete jogos no comando. O treinador então saiu e Ailton Silva retornou como um salvador da pátria.

Nas primeiras partidas, parecia que tudo se resolveria. Mas após o empate diante do XV de Piracicaba, quando o time vencia por 2 a 0, fez com que o treinador pedisse dispensa e em seu lugar Daniel Martine, que estava na base do clube, assumisse o comando.

Empossado no cargo, Martine tentou dar ânimo ao grupo, mas apesar de ter apenas uma derrota no comando da equipe, seu trabalho não foi suficiente para tirar o Azulão do já previsível rebaixamento para a Série A-2 de 2014.

 

Time luta até o fim, mas igualdade não é suficiente ao Azulão

O jogo da queda do São Caetano em Penápolis foi bastante equilibrado. E o empate tornou realidade um pesadelo que já vinha atormentando a equipe. O time lutou, foi guerreiro, mas não passou de empate com o Penapolense por 1 a 1, ontem à tarde, no Estádio Tenente Carriço, casa do adversário.

O técnico Daniel Martine levou a campo o que tinha de melhor e foi ousado. Diferentemente de outrora, quando treinadores anteriores preferiram não escalar Rivaldo, Jobson, Danielzinho e Jael juntos, a necessidade do resultado o fez colocar o quarteto lado a lado, em busca do máximo possível de gols.

Mas logo de cara, os donos da casa partiram para o ataque. Magrão, aos dois minutos, cabeceou e acertou a trave. Mas depois do susto inicial, o São Caetano conseguiu equilibrar o jogo. E partiu ao ataque. A primeira chance surgiu aos 16, com Jobson. O atacante bateu, Marcelo espalmou e, no rebote, Gabriel chutou sem direção.

E justamente quando o Azulão parecia mais próximo de marcar, o Penapolense fez. Aos 32, Guaru lançou e Silvinho tocou no canto de Fábio: 1 a 0.

Mesmo com o gol, o São Caetano não se abalou e seguiu apostando nos ataques em velocidade. A chance surgiu com Diego, aos 39, que exigiu boa defesa de Marcelo. Mas aos 43, não teve jeito. Rivaldo tocou para Danielzinho, que ganhou do zagueiro e bateu cruzado. Marcelo espalmou e Jobson igualou.

O gol motivou a equipe para o segundo tempo. Antes mesmo de a bola voltar a rolar, os jogadores se reuniram para ressaltar o momento decisivo que se passava. E em campo, a equipe partiu com tudo ao ataque.

Apesar de criar boas chances, porém, pecava na marcação. E sofria com os ataques do adversário. Mas a falta de pontaria dos atacantes do Penapolense e Fábio mantinham as chances vivas. O Azulão ficava mais tempo com a bola, só que demorava a concluir. Danielzinho ainda tentou uma última chance, mas errou. Era o fim do sonho.

 

Atletas demonstram abatimento após o jogo

O clima era de profunda lamentação. Jogadores cabisbaixos, perplexos, olhar preso ao chão. Não existia outra palavra para definir o momento do Azulão após o empate em Penápolis: tristeza. Após o apito final, o time seguiu aos vestiários e não conseguiu trocar palavras entre si, como contou o atacante Danielzinho.

"Todos estavam abatidos. Era um clima ruim. Erramos muito no campeonato, os culpados somos nós jogadores, a diretoria, todos nós", disse o atacante. "Agora (ontem) no fim da partida, ninguém conversou, estão todos de cabeça quente e isso pode ficar até pior. Vamos esfriar a cabeça e conversar em São Paulo", complementou o zagueiro Bruno Aguiar.

Um dos mais entristecidos era o técnico Daniel Martine, que assumiu o comando da equipe nas últimas rodadas do Paulistão. Com os olhos marejados, o treinador lamentou a queda do Azulão.

"A gente fica triste.. Eu, que vivo na cidade... É um fato decepcionante. Lógico que existiram erros, mas não é ético apontar. Espero que o São Caetano se planeje melhor, porque é uma potência da região e não podemos deixá-la morrer", analisou o treinador do Azulão.

Em situação inusitada na carreira, o meia Rivaldo também não escondia a frustração. "É difícil apontar erros. Nunca imaginei que na minha carreira eu fosse rebaixado um dia. É triste, mas temos que levantar a cabeça e isso só vai ser recuperado se fizermos uma boa campanha na Copa do Brasil e na Série B do Campeonato Brasileiro. Isso vai amenizar um pouco, pois descer é muito triste", disse o meia.

 

Presidente some; supervisor tenta explicar

Postados no camarote reservado à diretoria, ao lado das cabines de imprensa do Estádio Tenente Carriço, os dirigentes do São Caetano acompanharam atentamente a decisão em Penápolis. A cada lance, a cúpula do Azulão vibrava com murros nas mesas e paredes do local. O forte barulho impressionava os torcedores postados nas numeradas.

Quando o atacante Jobson marcou o gol de empate, a festa parecia de título. Os dirigentes comemoraram, aos berros e palavrões, enquanto eram xingados pela torcida local, que retrucava: "Ão, ão, ão, Segunda Divisão". Ao apito final, o presidente Nairo Ferreira de Souza e o diretor Genivaldo Leal desceram rapidamente e deixaram o local. Assim, sobrou ao supervisor de futebol, Bruno de Lucca, e ao auxiliar-técnico Galeano dar as explicações sobre a queda.

"Estamos acompanhando o clube há bastante tempo, é triste esse rebaixamento pela estrutura que temos, pelos bons times que já montamos. Esse também é um grande time, mas não deu liga", analisou.

Galeano também estava perplexo, mas prevê dias melhores. "Estou chegando agora. O São Caetano não caiu hoje, apenas foi decretado o rebaixamento. Vim como auxiliar técnico para ajudar o time e como principal objetivo focar a Série B. Estamos tristes, mas é uma situação que precisamos levantar a cabeça e tentar encontrar o caminho porque nada será fácil daqui para frente."

 

Depois de 13 anos na elite, uma queda preocupante

Aos poucos, o São Caetano vai deixando o cenário da elite do futebol estadual e brasileiro. Na Série B da competição nacional desde 2007, o clube disputará no ano que vem a Série A-2 do Campeonato Paulista após 13 anos na elite.

Muito pouco para um time que encantou o Brasil na virada do século ao ficar com o vice-campeonato da Copa João Havelange, em 2000, e do Campeonato Brasileiro do ano seguinte.

Por pouco, não conquistou a América ao perder a final da Copa Libertadores para o Olímpia, em 2002. Voltou à cena dois anos depois com o título do Paulistão, mas 2004 ficou marcado mesmo por uma fatalidade: a morte do zagueiro Serginho, no Morumbi.

O time mais uma vez bateu na trave ao ficar com o vice estadual em 2007. E no ano passado, quase voltou à Série A do Brasileiro, lutando pela vaga até a última rodada.

Agora, é hora de juntar os cacos e tentar voltar a mostrar o futebol que o fez ser reconhecido até mesmo internacionalmente. Mas, neste momento, essa realidade parece distante ao Azulão. (Rafael Zamo)

 

Torcida se revolta contra time e diretoria, e promete ação

Mais uma data para o torcedor do São Caetano se esquecer. A queda para disputar a Série A-2 do Paulista em 2014 revoltou torcedores do Azulão, que não pouparam críticas à diretoria e ao elenco.

"Foi incompetência dos dirigentes. Além disso, esses jogadores não merecem vestir a camisa do time. Infelizmente nossa realidade é essa: sempre lutando para não cair", criticou Agostinho Folco, presidente da Torcida Bengala Azul.

A constante troca de treinadores foi outro ponto que tirou os torcedores do sério. "O erro não é de agora. É de anos, pois a diretoria não consegue segurar nenhum técnico. A culpa também é dos jogadores. Alguns tiraram o pé e a chegada dos ‘medalhões' também atrapalhou", endossou Marcos Moraes Júnior, presidente da Torcida Jovem.

Ambos estão temerosos quanto ao futuro do São Caetano no Nacional, a partir de maio. "Se for para jogar a Série B com esses mesmos jogadores, seremos sérios candidatos a cair", disse Folco. "Não dá para ter perspectiva quando um time não tem comando", avaliou Marcos, revelando que a Torcida Jovem fará protesto na partida diante do Paulista, no domingo. (Rafael Zamo)




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