Mais de 100 moradores de Rio Grande da Serra lotaram a Câmara ontem para pedir ajuda dos vereadores contra a demolição de suas casas no Parque América, no limite com Santo André. Após mais de três horas de discussão, vereadores e manifestantes formaram comissão e vão se reunir hoje com o Departamento Jurídico da Prefeitura para resolver o problema.

Segundo o MP (Ministério Público) de Santo André, o bairro do município vizinho, localizado em área de manancial, possui 62 moradias irregulares, alvos de reintegração de posse da Prefeitura de Rio Grande da Serra.

Os moradores, entretanto, apresentaram escritura dos imóveis, loteados pela administração do ex-prefeito Aparecido Franco, morto em acidente de carro em 2001. Depois, foram vendidos pela JL Empreendimentos Imobiliários, empresa do ex-prefeito de Mauá José Carlos Grecco (1993 a 1996).

Segundo Salmeiron Oliveira, representante dos moradores do Parque América, a JL começou a comercializar os lotes em 1976, mas só em 1995 o MP entrou em ação pedindo a remoção das famílias do local.

Os moradores afirmam que, após anos de discussão, o processo terminou com TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) entre os moradores, a empresa e as duas prefeituras para construção de novas casas em outro terreno, que seria cedido pelo JL.

"O problema é que o prefeito de Rio Grande da Serra (Adler Kiko Teixeira, do PSDB) não assinou o acordo em 2006 e o MP mandou a Prefeitura de Santo André fazer a reintegração de posse na parte do bairro que fica na cidade", disse Oliveira.

EMBATE - A manifestação virou discussão política quando o vereador Cláudio de Melo, o Claudinho (PT), discursou na tribuna pedindo melhorias no Parque América. "Lá não tem ambulância, não tem coleta de lixo, não tem policiamento e nem nosso carro consegue passar por causa das ruas esburacadas", afirmou.

As declarações irritaram o vereador Clodoaldo do Nascimento (PSDB), que saiu em defesa do prefeito. "Tem vereador usando a Câmara como palanque", criticou o tucano, que foi rebatido por vaias e gritos do auditório.

As críticas só pararam com a intervenção do vereador Cleson de Sousa (PT). "Você não pode falar que este é um movimento político. Nós passamos pelo Parque América e sabemos a situação do bairro", disse.