Economia Titulo No Grande ABC
Câmbio e crise afetaram exportação
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
10/01/2010 | 07:27
Compartilhar notícia


O ano que se encerrou foi ruim para as exportações do Grande ABC, por conta, entre outros fatores, da valorização do real frente ao dólar e da recessão em importantes mercados no Exterior, segundo especialistas.

Com queda de 35,6% no faturamento obtido (de janeiro a novembro) com as encomendas internacionais em relação ao mesmo período de 2008, a região sentiu a retração na demanda, por exemplo, para a Argentina e para os Estados Unidos, que figuram entre os principais destinos dos produtos dos sete municípios.

Enquanto as vendas para o país vizinho diminuíram 31%, as destinadas ao mercado norte-americano - berço da crise financeira global que eclodiu no Brasil no fim de 2008 - tiveram recuo de 35%, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

O impacto das turbulências no crédito não se fez sentir só nesses mercados, mas repercutiu em grande parte do mundo, especialmente em relação às compras de produtos manufaturados. Caminhões e ônibus, que lideram a pauta de exportações de São Bernardo, por exemplo, tiveram redução no número de pedidos.

O diretor do departamento de indicadores sociais e econômicos da Prefeitura de Santo André, Dalmir Ribeiro, cita que dos US$ 40 bilhões a menos que as exportações brasileiras devem registrar neste ano (de US$ 198 bilhões em 2008 para US$ 158 bilhões), quase toda a perda se refere a manufaturados. Ele acrescenta que, somada à recessão mundial, houve perda de competitividade dos produtos do Brasil devido ao efeito cambial. O real no ano passado se valorizou 24% frente ao dólar, o que reduziu a rentabilidade do item nacional lá fora.

Segundo o diretor titular da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo, Mauro Miaguti, o câmbio desencorajou as vendas no Exterior, ao mesmo tempo em que o mercado interno se manteve aquecido, levando as fabricantes a priorizarem o foco nas vendas domésticas.

China - Os dados do ministério mostram que as exportações da região seriam menores se não fossem as vendas de matéria-prima (no caso, resinas plásticas, utilizadas na produção de embalagens e utensílios) para países asiáticos, como a China. As encomendas de Santo André para esse país cresceram mais de 900% em 2009, e o destaque vendido ao Exterior pelo município é a resina polipropileno, produzida no Polo Petroquímico da região.

Perspectivas para 2010 são de melhora no cenário externo
As perspectivas para 2010 em relação às exportações são favoráveis, por conta dos sinais de melhora na economia internacional, segundo analistas ouvidos pela reportagem. Isso apesar de receios, por exemplo, quanto a uma elevação da Selic (taxa básica de juros) pelo Banco Central no início do ano.

Na avaliação do diretor do Ciesp de São Bernardo, Mauro Miaguti, a alta dos juros pode atrair mais dólares ao País, contribuindo para a continuidade da valorização do real - o que criaria mais dificuldade para a competitivididade do produto nacional.

No entanto, o economista Dalmir Ribeiro avalia que o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre o capital estrangeiro especulativo pode ser elevado pelo governo federal como forma de conter o ingresso de recursos para melhorar as vendas da indústria nacional.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;