Setecidades Titulo Desapropriação
Famílias podem ter mais tempo para desocupar Jardim Scaff

Líder do governo na Câmara de São Bernardo, Tião
Mateus, quer prazo de um ano para desapropriação

Evandro Enoshita
Do Diário do Grande ABC
20/12/2009 | 07:23
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O medo e a esperança marcaram a assembléia realizada na tarde de ontem no Jardim Scaff, em São Bernardo, para discutir os rumos da comunidade. No último dia 17, o juiz Gersino Donizete do Prado, titular da 7ª Vara Cível, oficializou a reintegração de posse da área ocupada por 500 famílias, algumas delas com mais de dez anos no local.

Mulheres com feições preocupadas carregando crianças de colo e meninas com suas bonecas, num total de 60 pessoas, ouviam atentamente os discursos dos representantes da administração municipal. Um deles, o líder do governo Tião Mateus (PT), destacou que a Prefeitura ainda não está preparada para abrigar a totalidade das famílias que vivem nos 88 mil m² do Jardim Scaff.

"Vamos nos reunir amanhã (hoje) às 15h com o juiz Gersino do Prado. Esperamos ganhar mais tempo, pelo menos um ano, para tirar os moradores da comunidade e não colocar ninguém na rua. Esse caso ainda não está encerrado", explicou Mateus.

Enquanto isso, famílias como a da dona de casa Geiele Araújo Tavares, 27 anos, esperam o inevitável despejo. "Moro no bairro há cinco anos, desde que eu me casei. Nesse tempo, o meu marido dedicou muito tempo para construir a nossa casa, arranjando aos poucos os materiais. Agora sabendo que ela vai ser destruída, a gente fica angustiada. Tenho três crianças e não sei para onde ir", lamentou.

Mesmo com a ordem judicial, o motorista desempregado Antônio Auzenir da Silva, 29, não perde as esperanças. "Moro há 12 anos no Scaff, desde que cheguei do Ceará. Estou confiando nos políticos para resolver a nossa situação, porque se formos despejados ficaremos sem chão", pontuou.

HISTÓRIA - Erguido em área de manancial, às margens da Estrada da Servidão, o terreno que pertence à família do presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, começou a ser ocupado em meados dos anos 1990. O processo judicial que pede a retirada dos invasores já dura 12 anos.




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