Líder do governo na Câmara de São Bernardo, Tião
Mateus, quer prazo de um ano para desapropriação
O medo e a esperança marcaram a assembléia realizada na tarde de ontem no Jardim Scaff, em São Bernardo, para discutir os rumos da comunidade. No último dia 17, o juiz Gersino Donizete do Prado, titular da 7ª Vara Cível, oficializou a reintegração de posse da área ocupada por 500 famílias, algumas delas com mais de dez anos no local.
Mulheres com feições preocupadas carregando crianças de colo e meninas com suas bonecas, num total de 60 pessoas, ouviam atentamente os discursos dos representantes da administração municipal. Um deles, o líder do governo Tião Mateus (PT), destacou que a Prefeitura ainda não está preparada para abrigar a totalidade das famílias que vivem nos 88 mil m² do Jardim Scaff.
"Vamos nos reunir amanhã (hoje) às 15h com o juiz Gersino do Prado. Esperamos ganhar mais tempo, pelo menos um ano, para tirar os moradores da comunidade e não colocar ninguém na rua. Esse caso ainda não está encerrado", explicou Mateus.
Enquanto isso, famílias como a da dona de casa Geiele Araújo Tavares, 27 anos, esperam o inevitável despejo. "Moro no bairro há cinco anos, desde que eu me casei. Nesse tempo, o meu marido dedicou muito tempo para construir a nossa casa, arranjando aos poucos os materiais. Agora sabendo que ela vai ser destruída, a gente fica angustiada. Tenho três crianças e não sei para onde ir", lamentou.
Mesmo com a ordem judicial, o motorista desempregado Antônio Auzenir da Silva, 29, não perde as esperanças. "Moro há 12 anos no Scaff, desde que cheguei do Ceará. Estou confiando nos políticos para resolver a nossa situação, porque se formos despejados ficaremos sem chão", pontuou.
HISTÓRIA - Erguido em área de manancial, às margens da Estrada da Servidão, o terreno que pertence à família do presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, começou a ser ocupado em meados dos anos 1990. O processo judicial que pede a retirada dos invasores já dura 12 anos.
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