O presidente Lula foi elogiado por líderes mundiais por ter recebido o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, no País, atitude essa bastante criticada por diferentes setores no Brasil.

O ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan defendeu ontem a iniciativa brasileira de manter o diálogo com Ahmadinejad, porque acredita que a questão nuclear possa ser resolvida diplomaticamente. E disse estar informado sobre as recentes visitas de Shimon Peres (Israel) e Mahmoud Abbas (Autoridade Nacional Palestina) ao País.

"Fico feliz que o governo do Brasil esteja dialogando com esses líderes. O dialogo é uma contribuição positiva e construtiva", afirmou Annan a plateia de 400 empresários, em evento na Capital. E continuou: "O secretário-geral, como indivíduo, sempre acreditou no diálogo, principalmente com quem discordamos. Precisamos fazer a paz com aqueles de quem discordamos e com nossos inimigos."

Ahmadinejad esteve anteontem no Brasil. Na oportunidade, Lula defendeu o direito de o Irã ter um programa nuclear, desde que usado para fins pacíficos. Na visita, o chefe brasileiro também defendeu a existência de um Estado de Israel seguro e soberano, com quem terão de conviver palestinos e iranianos.

Na véspera da vinda ao Brasil de Ahmadinejad, a Casa Branca tinha deixado claro ao governo Lula que valorizava a iniciativa brasileira de fomentar o diálogo entre os iranianos e os países ocidentais sobre a questão nuclear.

A mensagem foi transmitida pelo presidente norte-americano, Barack Obama, a Lula em longa carta enviada domingo. O documento tratou também do acordo sobre mudança climática, da crise em Honduras e da Rodada Doha da OMC (Organização Mundial do Comércio).

Na carta, Obama foi além da exposição do ponto de vista da sua administração sobre o acordo entre o Irã e seis potências nucleares - EUA, França, Inglaterra, Rússia, China e Alemanha -, o qual vem sendo mediado pela Aiea (sigla para Organização Internacional de Energia Atômica).

Obama teria reforçado desejo de que Lula transmitisse a Ahmanedijad que os EUA adotaram mudança real no tratamento da questão nuclear e que defendem acordo sobre a troca de urânio enriquecido em baixo teor no Irã por combustível nuclear.

Ontem, o Irã apresentou formalmente à Aiea nova versão da proposta de acordo, cujos termos originais haviam sido rejeitados por Teerã. (das Agências)