Seis títulos mundiais, cinco medalhas olímpicas, uma final da America's Cup e o título da Volvo Ocean Race 2009, com direito a recorde registrado no Guiness Book. Não faltaram ao brasileiro Torben Grael credenciais para a conquista do título de Velejador do Ano da ISAF (sigla em inglês da Federação Internacional de Vela).
"Foi um ano fantástico como velejador e pai", definiu o atleta, 49 anos, maior medalhista olímpico do mundo, que viu o filho Marco ser chamado para a seleção olímpica permanente neste ano, velejando ao lado de André Fonseca, o Bochecha.
Famoso por ser um estrategista arrojado e referência na vela internacional, Torben se preocupa com o futuro da modalidade, esporte que mais medalhas de ouro deu ao Brasil em olimpíadas (seis das 16 conquistas da vela).
"É preciso uma política na base para a prática de esporte, se não fica difícil e não apenas para a vela, mas para todas as modalidades", alertou. "O Brasil inteiro teria a ganhar com isso porque o esporte tira as pessoas da ociosidade, acrescenta virtudes."
Com dois velejadores já eleitos os Melhores do Mundo (Robert Scheidt ganhou o prêmio em 2001 e 2004), Torben admite que o destaque brasileiro no mar acaba sendo, em grande parte, fruto do esforço e talento de pessoas e não resultado de um projeto maior.
"Alguma coisa funciona, principalmente nos clubes, mas falta estrutura melhor e marinas públicas. A Federação de Vela e Motor também poderia fomentar mais o esporte de base", cobrou o bicampeão olímpico, preocupado com a transição do juvenil para o profissional, momento no qual o atleta ainda não tem resultados nem nome suficiente para conseguir patrocínios e tem de começar a pensar nos estudos para garantir o futuro.
A realização dos Jogos Olímpicos de 2016 no Brasil não ilude o velejador, calejado pela experiência do Pan-Americano do Rio/2007. Na ocasião, os projetos originais da vela tiveram de ser adaptados e a modalidade não deixou legado concreto.
"Estou na torcida ainda. Projetos levam tempo para render frutos, mas corremos o risco de chegar 2016 e não termos grandes resultados porque a maioria dos esportes potencia pouco o trabalho de base", alertou.
Mundial está garantido, Olimpíadas não
Depois de praticamente um ano trabalhando no projeto da Volvo Ocean Race e de nove meses competindo na regata, o brasileiro Torben Grael se prepara para voltar à Star, classe na qual conquistou quatro de suas cinco medalhas olímpicas (ouro Atlanta/96 e Atenas/2004 e bronze Seul/88 e Sydney/2000)
"No fim do mês começamos a trabalhar visando o Mundial", explica o velejador, que terá a seu lado novamente o parceiro olímpico Marcelo Ferreira.
O Mundial de 2010 será disputado de 12 a 23 de janeiro, no Rio de Janeiro. Com pouco tempo para a readaptação à classe olímpica, Torben não promete resultados. "Será mais uma competição para relaxar e se divertir", diz. "Acho difícil brigar por medalha."
O Mundial marcará um dos duelos mais esperados da vela brasileira, contra Robert Scheidt e Bruno Prada, campeões na Olimpíada de Pequim/2008.
A volta para o Mundial não garante Torben e Marcelo nos Jogos de 2012 ou 2016. "A gente vai pensar com calma", afirmou, descartando a possibilidade de conciliar a Star com novas edições da Volvo.
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