O exemplo da secretária de Educação de São Bernardo, Cleuza Repulho, que está sendo executada na Justiça fiscal por viagens feitas ao Exterior durante sua gestão na Prefeitura de Santo André, não serviu para aplacar a sede de integrantes do alto escalão da administração do prefeito Luiz Marinho (PT). Os secretários de Relações Internacionais, Evandro de Lima, e o de Esportes, José Luiz Ferrarezi, além de um professor de educação física, embarcam no domingo para a Itália, onde ficarão por oito dias em roteiro "empresarial e esportivo" às custas do dinheiro do contribuinte da cidade.

Por conta de viagens similares, Repulho foi condenada pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) a devolver R$ 125,5 mil aos cofres públicos. A Execução da dívida, que se refere ao período em que ela atuou no governo do petista João Avamileno, já foi parar na Justiça.

O roteiro a ser percorrido pelos secretários de Marinho se estenderá até dia 23 e inclui Maróstica, cidade-irmã de São Bernardo, e Bologna, na região de Emilia Romagna.

Segundo Evandro, o objetivo da viagem será buscar cooperação técnica. "Como se trata de cidade irmã, tentaremos firmar projetos de cooperativismo. Vou me encontrar com o prefeito de Maróstica e com a vice-presidente da região. São cinco cidades próximas que lembram muito o Grande ABC", detalhou o titular da Pasta.

Já o secretário de Esportes, segundo Evandro, terá a tarefa de tratar de intercâmbios esportivos com Maróstica. "Ele será acompanhado pelo professor Luiz Carlos Campieto, que receberá um prêmio do município por ter treinado a equipe de futebol feminino de lá. Era para a premiação ter sido entregue na administração anterior, mas como mudou o prefeito, ficou para este momento", explicou o secretário.

Ainda segundo o titular da Pasta de Relações Internacionais, as cidades italianas têm termo de cooperação com São Bernardo para apoio ao Instituto Padre Leo Commissari.

Questionado sobre o processo contra a secretária de Educação, Evandro afirmou que todas as viagens são a trabalho e dentro da lei. "Fazemos cotações para escolher os valores mais baixos. Para se ter idéia, faremos escala em Paris para que o custo da passagem seja reduzido. É tudo feito regularmente e para trazer benefícios ao município", afirmou.

A condenação de Cleuza Repulho pelo TCE ocorreu por conta do pagamento de passagens entre 2002 e 2004, quando a secretária realizou viagens ao México, ao custo de R$ 26,1 mil, Espanha e Itália (R$ 8.500), Canadá (R$ 17,7 mil) e outras localidades da Europa (R$ 34,4 mil), todas custeadas com dinheiro público. Cleuza declarou que as viagens foram realizadas para o projeto educacional Sabina Escola Parque do Conhecimento, inaugurada em 2007.