‘Havia e ainda há muitas situações...'

Vamos começar uma pequena série sobre alguns casos de concordância. Iniciamos pelo verbo haver, que ocupa lugar de destaque nas perguntas dos leitores e nos pedidos dos professores. Muitos escrevem para perguntar sobre o uso de formas como havia e haviam, haverá e haverão, houver e houverem etc.

De início, é preciso lembrar que o verbo haver tem muitos significados. Um deles é o de sair-se, comportar-se, como se vê nesta frase: "Os estudantes se houveram bem no exame".

No exemplo que acabamos de ver, o verbo haver concorda com os estudantes, sujeito da oração. A coisa se complica quando o bendito verbo haver é usado com o sentido de existir ou com o de ocorrer, acontecer. Nesses casos, o verbo haver é usado sempre no singular: "Há muitas situações críticas". A forma há é da terceira pessoa do singular. Note que não dizemos "Hão muitas situações críticas", ou seja, não empregamos o verbo haver no plural nessa situação.

Se no exemplo anterior o presente do indicativo for substituído por outro tempo verbal, o que ocorrerá com o verbo haver? Não ocorrerá nada. O verbo haver continuará na terceira pessoa do singular: "Havia muitas situações críticas", "Houve muitas situações críticas", "Haverá muitas situações críticas", "Haveria muitas situações críticas", "Caso haja muitas situações críticas", "Se houvesse muitas situações críticas", "Quando houver muitas situações críticas" etc.

Ficou claro para você que, no padrão culto da língua, não se registram construções como "Haviam muitas situações críticas"? Não custa repetir: nesse caso, a forma haviam deve ser trocada por havia, já que, quando é empregado com o sentido de existir, o verbo haver não sai da terceira pessoa do singular, independentemente do tempo em que seja flexionado.

E se trocarmos haver por existir? A história muda, mas isso fica para a semana que vem. No próximo domingo, a gente volta. Até lá.