O desmaio de uma mãe que não queria ver o seu filho detido pela Polícia Civil no baile funk fechado ontem em São Bernardo sintetizou o desespero com que os pais encararam a notícia. Os adolescentes trocaram a escola por uma festa com bebidas e drogas em pleno horário de aula.

O salão de festas onde o baile foi flagrado, localizado na Vila São Pedro, fica a cerca de 400 metros de uma instituição estadual de Ensino Fundamental e Médio e próximo de outros três colégios.

Pai de um garoto de 16 anos, o motorista de ônibus Carlos Roberto de Miranda, 44, foi um dos que compareceram ao 6º DP da cidade. Ele não conseguia conter a sua decepção. "Meu sonho era ver o meu filho formado, com um bom emprego, mas parece que ele não se preocupa com isso. Ele tem um relacionamento bem ruim com o restante da família."

Com um pé quebrado e necessitando do auxílio de muletas, a desempregada Eliete de Souza, 40, enfrentou todas as dificuldades para comparecer à delegacia para resgatar a sua filha de 17 anos. "Tenho sete filhos, mas ela é a única que sempre me coloca em confusão. Ela já teve outros problemas, e eu já não sei mais o que fazer", desabafou.

Para o comerciante Ivanildo Trajano Nunes, 44, a notícia de que a sobrinha de 16 anos estava no baile pegou a toda família de surpresa. "Ela havia dito que iria fazer um trabalho na casa de uma amiga. Ficamos impressionados quando soubemos que estava aqui. Ela tem um relacionamento muito bom com todos", ressaltou Nunes.

Notícia que também surpreendeu a uma dona de casa que preferiu não se identificar. "Voltei de uma consulta médica para casa, quando uma vizinha me avisou. Não esperava esse tipo de coisa. Meu filho sempre foi esforçado. Trabalha e estuda. Mas acho que vou ter que dar uma lição nele quando voltarmos para casa."