O primeiro dia do seminário Polo Tecnologico do Grande ABC, ocorrido ontem, no auditório do Senac Santo André, reuniu os secretários do Desenvolvimento Econômico da região para debater de que maneira cada cidade pode contribuir para a composição do projeto.

Do encontro, concluiu-se que o polo precisa, essencialmente, não do que as indústrias da região desenvolvem hoje, mas do que o mercado vai precisar amanhã. Pré-sal, energias renováveis e biotecnologia foram temas bastante abordados como as vedetes da vez.

"Podemos não estar ligados diretamente à exploração do pré-sal. Mas temos como nos envolver com isso. Por exemplo, durante sua exploração, pode ser que os tubos de extração se enferrugem. A solução para isto está no metalmecânico, setor que dominamos", afirmou o secretário do desenvolvimento econômico de Santo André, Vanderlei Retondo.

BIOTECNOLOGIA - Os secretários do Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, Marcelo Menato e Gilvan Mendonça, respectivamente, propuseram parque único com o foco ambiental, já que ambas são quase que 100% em área de manancial.

"Durante as visitas aos parques tecnológicos de São José dos Campos, São Carlos e Vale dos Sinos, percebemos como o Grande ABC está atrasado. E, para completar, Ribeirão não tem incubadora. A contribuição que o município pode oferecer ao polo são os recursos hídricos, pesquisas biológicas e energia limpa", disse Menato.

Mendonça concordou e complementou: "Se nos especializarmos em biotecnologia, podemos desenvolver soluções ecológicas para resíduos sólidos."

O secretário do Desenvolvimento Econômico de Diadema e presidente do grupo de trabalho do polo, Luís Paulo Bresciani, colocou que novas oportunidades podem ser buscadas também no setor ferroviário, nos grandes eventos esportivos - Copa do Mundo e Olimpíada - e em mercados inexplorados.

PRÓXIMOS PASSOS - O que falta, no entanto, é delinear exatamente de que maneira cada município pode contribuir efetivamente. E quais serão os objetivos do polo da região. Sem eles, o projeto demora ainda mais a sair.

Fausto Cestari Filho, vice-presidente do Consórcio Intermunicipal, apontou que, agora, é preciso decidir se vão contratar empresa ou profissionalizar alguma entidade para realizar o papel de inventariar a contribuição de cada uma das cidades, ou ainda, se isso será feito por cada secretaria.

"Aqui não temos universidades empreendedoras que tomem as rédeas do projeto, nós ainda estamos aliciando-as para ver como elas podem ajudar. Portanto, temos de nós mesmos centralizar a gestão do polo e conduzir o processo", afirmou.

Cestari comentou que terão de bater na porta das grandes empresas para verificar sua disponibilidade para tomar para si responsabilidades do polo.

Sto.André possui áreas de 700 mil m²

A Prefeitura de Santo André, que já possui projeto concluído para seu parque tecnológico - embora não tenha dado detalhes ao Grupo de Trabalho do Polo Tecnológico da região - admitiu já ter 700 mil m² em área livre para a construção da iniciativa. Os locais não foram revelados ainda por receio de supervalorização imobiliária no entorno das áreas.

O secretário do Desenvolvimento Econômico de Santo André, Vanderlei Retondo, afirmou que estão sendo pensadas a construção de um centro de convenções na cidade e um complexo hoteleiro próximo, a fim de oferecer infraestrutura ao parque.

De qualquer maneira, a representante da Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, Margareth Leal, avisou, durante o evento, que não necessariamente o projeto do polo da região, que será composto por diversos parques, precisa cumprir os 200 mil m² exigidos pelo Sistema Paulista de Parques Tecnológicos.