A novela envolvendo a suposta batida proposital de Nelsinho Piquet no autódromo de Cingapura no ano passado ainda vai longe. Ontem, Rubens Barrichello criticou duramente as declarações de Flavio Briatore, chefe da equipe Renault, que insinuou possível relação que Piquet mantinha com um homem mais velho.

Para Rubinho, as acusações de Briatore só serviram para sujar ainda mais o circo da Fórmula 1. "Isso tudo é uma vergonha. Pelo que aconteceu e pelo que Briatore disse ontem (sexta-feira). É muito baixo nível", lamentou o brasileiro, segundo colocado no Mundial.

Barrichello afirmou ter boa relação com Nelsinho Piquet, apesar de já ter se estranhado com o Piquet pai. "Depois de todas as coisas más que Nelson pai falou na imprensa sobre mim, o Nelsinho tem sido uma pessoa muito, muito melhor para mim, e nós temos grande respeito um pelo outro. Sinto muito por ele", completou.

Apesar de tentar ficar neutro na briga sobre o caso envolvendo Renault e o brasileiro no GP de Cingapura, Rubinho confessou que quem perde com a briga é a Fórmula 1. "Não tenho absolutamente nada contra nenhum dos dois, então vou esperar e ver o que a FIA dirá. É uma pena para a F-1, só isso", lamentou.

Rubinho ainda acha possível que Nelsinho Piquet retorne à Fórmula 1. Em entrevista para a revista inglesa Autosport, Barrichello usou o exemplo de Michael Schumacher para aliviar a barra do compatriota. "Geralmente somos lembrados pelos últimos resultados, então as pessoas vão se lembrar disso. Mas sempre que o Michael ganhava as corridas, esqueciam que ele bateu em Damon Hill. Você é tão bom quanto a sua última corrida, então o Nelsinho pode muito bem voltar", avalia.

Uma demonstração de apoio a Nelsinho Piquet poderá ser vista hoje, no GP de Monza. Barrichello usará capacete em homenagem ao ex-piloto da Renault e também a Felipe Massa, que se recupera de acidente sofrido na Hungria. "Nelsinho sempre foi muito bom comigo e temos um grande respeito mútuo", reafirmou.

Telemetria revela que brasileiro acelerou na hora da batida

Entre acusações e insinuações, pelo menos uma constatação. Dados da telemetria do carro de Nelsinho Piquet mostram que o brasileiro continuou acelerando no momento da rodada, quando o óbvio seria brecar. Isso, somado às contundentes declarações do piloto, não deixa dúvidas de que a batida foi proposital.

O material divulgado mostra que Nelsinho acelerou para fazer o carro rodar, depois tirou o pé rapidamente e voltou a pressionar o acelerador antes de acertar o muro. Dado muito importante divulgado é que, praticamente no mesmo tempo, o companheiro de equipe Fernando Alonso passou a desacelerar seu carro na mesma curva, após derrapar algumas vezes, provavelmente sabendo antes do acidente.

Com a batida, Nelsinho provocou a entrada do safety car e, consequentemente, beneficiou seu parceiro de equipe Fernando Alonso, que realizou sua parada nos boxes e ganhou várias posições com as dos carros à frente, determinando a vitória do espanhol na corrida.

Segundo as informações, a FIA investiga o caso desde o dia da demissão do piloto brasileiro da Renault. Para ajudar na condução das investigações, a entidade contratou a empresa Quest e o escritório de advocacia Sidley Austin LLP, que ficaram responsável por colher os depoimentos dos envolvidos, vídeos e telemetrias.