Política Titulo SP
Crise no Senado causa racha na bancada paulista
Fábio Zambeli
Da APJ
23/08/2009 | 07:26
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A crise que abala a credibilidade do Senado dividiu a bancada paulista, formada por três senadores que, juntos, receberam a confiança de 26,6 milhões de eleitores. O trio composto por Aloizio Mercadante (PT), Eduardo Suplicy (PT) e Romeu Tuma (PTB) integra a base de sustentação ao governo Lula, mas a operação para salvar o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), produziu um dissenso cujas consequências ameaçam respingar na eleição de 2010 - ano em que serão renovadas duas das três cadeiras do Estado na Casa.

Mercadante e Tuma, que terão seus mandatos submetidos ao teste das urnas no próximo ano, tomaram rumos distintos nas investigações de denúncias que envolvem a mesa diretora. Ambos foram protagonistas, em polos opostos, na novela que resultou no arquivamento das representações contra Sarney na última quarta-feira.

Suplicy, que fica no cargo até 2015, defendeu publicamente que o Conselho de Ética abrisse procedimento para apurar as denúncias que ligam o ex-presidente da República a desmandos que envolvem desde nepotismo até o patrocínio de atos secretos. Para tanto, desafiou a direção do PT, que havia recomendado apoio a Sarney.

Para a cientista política Maria do Socorro Sousa Braga, professora da USP (Universidade de São Paulo), o desgaste da crise atinge a instituição como um todo, mas respinga na popularidade dos membros da bancada paulista. "Quem fica pior é o Senado como instituição. Mas é claro que isso vai refletir no desempenho individual dos senadores, conforme sua linha de atuação frente às denúncias. O eleitorado vai cobrar", avalia.

Entre os senadores paulistas, foi Mercadante quem enfrentou um verdadeiro inferno astral durante a última semana. Líder da bancada petista, chegou a defender a licença de Sarney, mas foi alvo da fritura do governo e ameaçou abandonar o posto depois de ter sido desautorizado pela presidência do PT, que divulgou nota recomendando o engavetamento das denúncias.

Por admitir a incapacidade de construir um caminho alternativo para a crise na Casa, utilizou na sexta-feira um apelo do presidente Lula para justificar sua permanência na liderança, após ter anunciado sua saída da função na véspera.

O discurso feito no plenário vazio na manhã de sexta-feira foi melancólico - afinal, em dois dias, a bancada chefiada por ele perdera dois quadros importantes (Marina Silva, do Acre, e Flávio Arns, do Paraná).

Já Romeu Tuma, que é corregedor do Senado, foi o único entre os paulistas a votar na sessão de quarta-feira. Ele é membro titular do Conselho de Ética e acompanhou o posicionamento dos colegas da base governista que livraram Sarney.

Tuma limitou-se durante a recente turbulência no Senado a distribuir orientações sobre a conduta dos colegas e adverti-los a respeito das punição que o regimento prevê aos infratores do chamado decoro parlamentar. A reprimenda foi dada após sucessivas trocas de ofensas no plenário.




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