Política Titulo Sessão
Voto fantasma agita S.Bernardo

Em votação de proposta, alguém apertou o botão
do 'sim' de vereador que não estava no plenário

Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
20/08/2009 | 07:49
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A Câmara de São Bernardo viveu ontem a sessão mais conturbada do ano, com direito a acusações, representação e voto fantasma, que pode gerar investigação. Duas polêmicas foram o centro das discussões, ambas referentes ao quorum de vereadores em plenário.

A mais marcante foi o aparecimento de um voto, cujo parlamentar não se encontrava na sessão. A outra, envolveu o presidente da Casa, Otávio Manente (PPS), em uma propositura que visou contabilizar o líder do Legislativo para abrir os trabalhos (veja matéria abaixo).

Às 10h48 foi feita verificação de presença para a 26ª plenária ordinária do ano. O vereador Estevão Camolesi (PTdoB) estava fora do plenário e foi assinalado como ausente. Quatro minutos depois, às 10h52, foi finalizada votação de adiamento, por uma sessão, de projeto sobre concessão de direito real do imóvel do Movimento de Recuperação de Vidas.

Com a bancada oposicionista em reunião externa, foram contabilizados 10 votos ‘sim', a favor da prorrogação da análise da proposta. Entretanto, haviam apenas nove parlamentares - mais o presidente, que não vota nesse caso - e uma das adesões foi computada para Estevão Camolesi (veja arte ao lado).

Logo após o ocorrido, Ary de Oliveira (PSB), primeiro parlamentar contrário à gestão petista de Luiz Marinho a entrar no plenário, observou a irregularidade e pediu a revogação da aprovação da matéria.

O fato gerou confusão geral na sessão. Depois de alguns minutos em reunião dos governistas, Camolesi confirmou que não estava no plenário no momento da apreciação e o presidente Otávio Manente cancelou a votação que havia sido feita, abrindo, em seguida, nova discussão da propositura.

O suspeito de ter apertado o botão destinado à votação de Camolesi é o vereador Marcelo Lima (PPS), o único que senta ao lado do trabalhista, cuja mesa fica na ponta da bancada.

O popular-socialista, por sua vez, negou enfaticamente ter praticado qualquer irregularidade. "Nunca fiz isso. Agora o interesse é meu em saber o que aconteceu", afirmou. Estevão Camolesi evitou comentar o assunto e não deu declarações à imprensa.

REPRESENTAÇÃO - A bancada de oposição, formada por PSB, PMDB e PSDB, entrou com representação junto à presidência da Casa para que apure os fatos. Manente frisou que tomará ciência do conteúdo do documento, que passará ainda pela assessoria jurídica da Câmara, antes de anunciar qualquer atitude.

A expectativa é que seja instaurada a investigação. "Caso contrário, é prevaricação (deixar de praticar ato de ofício) do presidente, o que é crime", ressaltou Admir Ferro (PSDB).

Segundo oposicionistas, algumas testemunhas que acompanhavam a sessão, atrás dos vereadores, presenciaram a votação irregular. Se for constatada a irregularidade, Lima pode até perder o mandato. "Se comprovado, é falta de decoro", continuou o tucano.

O corrido também gerou indignação da base de sustentação do governo. "Isso nunca aconteceu aqui. É lastimável. É uma atitude irresponsável, que prejudica a credibilidade da bancada. Não podemos admitir, isso tem de ser apurado", salientou Wagner Lino (PT).




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