No que depender do presidente estadual do PSB, deputado federal Márcio França, a parceria entre socialistas e petistas em São Paulo já está mais de meio caminho andado. Mais que isso, o trajeto a ser trilhado - e compartilhado - entre as duas siglas em São Bernardo será "natural".
"A candidatura de Ciro Gomes ao governo paulista, com apoio do PT, está mais de 60% fechada", afirma França, 43 anos, pouco mais de 20 deles dedicados à vida pública, toda ela filiado à legenda socialista, na qual também exerce a função de secretário nacional de Finanças.
Os 40% restantes são a vontade pessoal de Ciro - paulista de Pindamonhangaba e radicado na cidade cearense de Sobral - e consulta à militância por meio de reuniões e convenções.
Mas a prova de que o percentual restante pode não ser uma barreira intransponível é a previsão de França sobre a transferência de título de eleitor do deputado federal do Ceará para São Paulo. "Isso deve ocorrer em setembro (a data-limite para a mudança é a primeira quinzena de outubro)."
Ao analisar a conjuntura política que pode ser estabelecida daqui para frente no município berço do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, França faz prognóstico eloquente. "Na prática, quem poderá não aderir ao nosso posicionamento é a própria administração (comandada pelo prefeito Luiz Marinho - PT)", salienta o presidente socialista.
O apoio do PSB à gestão de Marinho, apadrinhado político de Lula, inclusive estaria sendo uma exigência do PT para que o apoio a Ciro Gomes seja concretizado. Entretanto, os rumores não são confirmados pelos petistas são-bernardenses.
"Não sabemos desse assunto. A bancada petista da Assembleia de São Paulo apoia no momento a candidatura do companheiro Emídio de Souza (prefeito de Osasco) para a disputa", despistou a deputada estadual Ana do Carmo.
O vereador Tião Mateus (PT) não vê problema em ter o atual bloco de oposição da Câmara ao seu lado em um possível palanque em 2010. "A política é assim mesmo. Agora, temos de trabalhar com o objetivo maior que é eleger a Dilma", ressalta.
Descrente na candidatura de Ciro Gomes, o vereador Ary de Oliveira (PSB) é enfático ao avaliar o futuro desenho político da cidade. "Existem campanhas e campanhas. Se ele for candidato em São Paulo, eu sei como fazer a minha."
As consequências da eleição 2010 no panorama político de São Bernardo não devem resumir-se a PSB e PT. O PPS apareceria como outra força, com Soninha Francine na chapa ao Palácio dos Bandeirantes. E o restante da bancada de oposição, com PMDB e PSDB, distribuído em outras frentes.
Aliança está sendo amarrada no Planalto por Lula
Ventila-se nos bastidores do Palácio do Planalto que é verossímil a contundente análise do presidente do diretório paulista do PSB, Márcio França, de que a candidatura de Ciro Gomes no Estado está bem encaminhada.
As informações são de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria se reunido com o líder da executiva nacional socialista, governador de Pernambuco Eduardo Campos, para avançar na formulação da aliança em São Paulo. E um outro encontro estaria marcado para esta semana para selar o acordo.
Seriam dois os empecilhos para fechar a parceria. O primeiro, a vontade própria de Ciro Gomes. O deputado não estaria tão à vontade em deixar escapar a reeleição à Câmara Federal em detrimento de uma incursão incerta em terra bandeirante. O segundo é justamente a consequência da relação partidária nos municípios do Estado, que seria abalada.
Mas há ainda um elemento preponderante e que já se demonstrou eficiente em outras ocasiões: uma conversa tête-à-tête entre Lula e Ciro.
Os argumentos do presidente surtiram resultados em São Bernardo no pleito do ano passado, por exemplo. O candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada pelo petista Luiz Marinho era uma incógnita. O então deputado federal Frank Aguiar (PTB-SP) negava incisivamente que integraria a dobradinha. Após um diálogo ao pé do ouvido com Lula, o forrozeiro enfim optou por concorrer ao Paço.
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