O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu desmarcar as viagens que faria nas próximas quinta e sexta-feira ao Maranhão e ao Piauí, ambos localizados na região Nordeste.

No Maranhão, ele pretendia prestigiar a governadora Roseana Sarney (PMDB) e o clã Sarney. Mas Lula mudou a estratégia por considerar que ficando em Brasília poderia ser mais útil na tentativa de ajudar José Sarney (PMDB-AP) a se segurar no cargo de presidente do Senado. O chefe de Estado deverá também conversar reservadamente com a bancada do PT, a fim de exigir do partido que pare de pedir a saída de Sarney do cargo.

Assessores do governo alegaram que Lula desmarcou as viagens depois de receber um telefonema do presidente colombiano, Álvaro Uribe, o qual solicitou um encontro na tarde de quinta-feira, em Brasília, para discutir a polêmica decisão de ceder o território da Colômbia para a construção de bases militares dos Estados Unidos.

O pedido de Uribe foi o bastante para Lula cancelar também a presença ao evento de lançamento das obras da Ferrovia Transnordestina em Ueiras, Piauí, na sexta-feira.

Para auxiliares do presidente, o cancelamento da visita ao canteiro das obras da Usina Hidrelétrica de Estreito, no Sul do Maranhão, evitou mais desgastes na imagem da candidata de Lula à sucessão de 2010, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que já teve de fazer declarações públicas de apoio a Sarney. O evento no Maranhão seria a maior demonstração de auxílio do governo a Sarney desde o início da crise.

Nas avaliações feitas na manhã de ontem com assessores, Lula disse acreditar na existência de espaço para garantir a permanência de Sarney no comando do Senado. Em relação à medida judicial que proíbe o jornal O Estado de S.Paulo de divulgar informações da Operação Boi Barrica, que investigou negócios da família Sarney no Maranhão, Lula e assessores evitaram polemizar. "É uma questão do Judiciário", limitou-se a dizer uma pessoa próxima do presidente.