Dados da Abramat apontam para estabilidade nas vendas do setor, ao contrário do registrado no setor automotivo
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Embora junho fosse o último mês para se comprar materiais de construção com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) - até então não havia sido anunciada a prorrogação do benefício -, não houve registro de elevação significativa nas vendas do período, se comparado a maio.
Ao contrário do observado com o setor de veículos, cujas vendas bateram recorde no mês passado, tanto o crescimento do faturamento dos fabricantes como dos comerciantes foi tímido: 3,61% e 5,5% respectivamente.
Segundo Melvyn Fox, presidente da Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção), "não adianta olhar a desoneração em um prazo curto, de apenas três meses (a primeira fase do benefício começou em abril e durou até junho). É preciso olhar o produto final, que é a casa pronta".
Na opinião de Cláudio Conz, presidente da Anamaco (Associação dos Comerciantes de Material de Construção), a comparação entre a comercialização de carros ou eletrodomésticos e a de materiais de construção é inviável. "As vendas nesse segmento têm uma inércia própria. Elas não são definidas em função de apelos. Trocar seu automóvel ou comprar uma geladeira nova é estimulante. O mesmo não acontece com a compra de dois bidês ou ao estocar dez sacos de cimento na sala de casa", comparou.
Para Fox, a expectativa é que haja uma reação a partir de julho, já que até o momento muitos dos produtos comercializados eram frutos da desova de estoques, e não da recuperação da produção. "A indústria reage mais lentamente, mas acredito que esteja se iniciando um período de reposição", afirmou.
Conz concorda, e acrescenta: "Até o momento, muitos dos itens vendidos não estavam sendo beneficiados pela redução do IPI. Diferentemente dos veículos e da linha branca, os materiais de construção não tinham desoneração sobre os estoques".
Ambos os executivos concordam que o segundo semestre é o período em que o segmento torna-se aquecido, justamente por ser mais chover muito menos, sendo responsável por cerca de 60% dos resultados.
Fox, que representa as indústrias, tem a perspectiva de que seja possível recuperar as perdas do primeiro semestre (-16%) e atingir crescimento zero, ou seja, sair do negativo.
Conz, representante do varejo, já é mais otimista. Espera elevar em 4% as vendas frente a 2008.
NA REGIÃO - Comerciantes do Grande ABC alegam ainda não ter sentido os efeitos da redução do IPI. O comerciante Valdir Leite, proprietário da casa de materiais de construção Ponta Verde, de Diadema, relatou que seu movimento foi muito linear de janeiro a junho. "Neste mês, entretanto, comecei a perceber maior circulação na loja, mais orçamentos para serem avaliados e elevação de 10% nas vendas, em relação aos meses anteriores".
Cláudio Marcorin, dono da Bin Gouveia, de Santo André, teve a mesma percepção de Leite. "Julho está parecendo ser melhor do que junho. O mês passado teve muitos feriados, o que atrapalhou as vendas. As pessoas preferem viajar a trocar a torneira, pintar a parede ou arrumar um buraco".
Outro ponto citado por Marcorin é que, em tempos de crise, a preferência é por comer melhor do que reformar a casa, mesmo com o benefício.
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